Exclusivo

Cultura

Julião Sarmento em entrevista ao Expresso em 2016: “Nunca me movi no sentido de ser famoso”

Julião Sarmento
Julião Sarmento
José Caria
Em janeiro de 2016, Julião Sarmento falava ao Expresso a poucos dias da inauguração, em Paris, da exposição "The Real Thing". Numa conversa cheia de silêncios, o artista revelava o seu descontentamento com o mundo da arte contemporânea, o prazer no trabalho e o que sentia um homem de 67 anos que nunca desistiu de nada. Esta entrevista foi originalmente publicada na Revista de 16 de janeiro de 2016
Julião Sarmento em entrevista ao Expresso em 2016: “Nunca me movi no sentido de ser famoso”

Ana Soromenho

Jornalista

Julião Sarmento em entrevista ao Expresso em 2016: “Nunca me movi no sentido de ser famoso”

Tiago Miranda

Fotojornalista

Artista plástico português, obra multidisciplinar, percurso internacional. Presente em galerias importantes nas capitais do mundo da arte. Obras expostas em praticamente todas as coleções que contam e em todos os museus que interessam, dirá ele. "É o nosso artista mais global", afirma Cristina Guerra, a galerista portuguesa com quem trabalha há 15 anos. No ArtFacts.net, o ranking online, espécie de bolsa mundial de artistas com direito a currículo extenso e detalhado, ocupa o 264º lugar. A seguir vêm Pedro Cabrita Reis, depois Helena Almeida, Pedro Croft e por aí fora. A produção é extensa, a quantidade de obras é enorme. Cinquenta anos a trabalhar no ateliê. Non stop. Tudo isto são os dados curriculares. Na biografia consta: Nasceu em Lisboa, a 4 de novembro de 1948, filho único, neto único. Dois casamentos, dois filhos. Estudou na Escola de Belas-Artes, não acabou o curso, esteve na tropa cinco anos, safou-se da Guerra Colonial. Começou a trabalhar em meados dos anos 70. Nunca mais parou. Foi um personagem importante na movida lisboeta dos anos 80, um tipo que metia respeito. vendia muito, ganhava dinheiro, dava grandes festas. Tinha lastro internacional. Tudo isto são factos. O retrato de Julião Sarmento é mais difícil de apanhar. Detesta entrevistas, de falar sobre ele próprio, apesar das centenas que deu, aqui e um pouco por toda a parte, a contragosto. Garante: "Não pratico o culto da personalidade." Combinámos esta conversa na Fundação EDP, onde decorrera a exposição dedicada à sua coleção de arte particular, "Afinidades Eletivas", num dia frio, cinzento, com o Tejo mergulhado em bruma. Também assim parecia Julião ao princípio. Reservado, misterioso. Mas no final dirá: "Correu bem a conversa. Não acha?" Fico a pensar que talvez tenha tido a sorte de apanhar o lado B do artista. Como um casaco que se veste do avesso. Que ao princípio estranhamos e só depois damos conta dos remates, da textura, do brilho do forro...

Quando planeámos esta conversa, tinha acabado de chegar da Art Basel de Miami. O que pode ser ainda excitante no mundo das feiras de arte?

A única coisa excitante que vi em Miami foram uns desenhos lindíssimos de Matisse, um extraordinário late Picasso e uma pinturinha do De Kooning absolutamente deslumbrante.

Nada de arte contemporânea?

A arte contemporânea vê-se em todo o lado. Estas coisas são muito mais difíceis de encontrar.

Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: ASoromenho@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas