Blog do Mauro Ferreira

Por Mauro Ferreira, G1

Edir Silva de Castro (2 de setembro de 1946 – 15 de janeiro de 2019) foi uma das tais Frenéticas, grupo vocal feminino que carnavalizou a era brasileira da disco music com mix original de irreverência, sensualidade e malícia, prenunciando a revolução de 1979 que deu voz ativa à mulher na música do Brasil.

A cantora e atriz carioca saiu de cena na manhã de ontem, aos 72 anos, sendo justamente mais lembrada nos obituários por ter integrado as Frenéticas, mesmo que, a partir da década de 1990, tenha ficado mais conhecida pelas novas gerações como a atriz de novelas como Por amor (TV Globo, 1997 / 1998).

Artisticamente, ela assinou como Edyr de Castro e como Edyr Duque. Com qualquer nome, o que Edyr de Castro deixa como principal legado são os discos gravados como integrante das Frenéticas, grupo no qual atuou ao lado de Dhu Moraes, Leiloca, Lidoka (1950 – 2016), Regina Chaves e Sandra Pêra.

Em 1976, Edyr tinha 30 anos e poucas perspectivas profissionais quando foi convidada a ser uma garçonete-cantora na nova discoteca carioca Frenetic Dancin' Days, orquestrada por Nelson Motta com alguns sócios.

Batizadas como As Frenéticas, as garçonetes logo viraram a atração principal da casa e, da pista, foram para os estúdios de gravação.

Um compacto editado no início de 1977 com a releitura em clima de disco music de A felicidade bate à sua porta (Gonzaguinha, 1973) fez sucesso e preparou o terreno para a gravação e a edição do primeiro consagrador álbum do sexteto, Frenéticas (1977), apresentado naquele ano com o rock Perigosa (Roberto de Carvalho, Nelson Motta e Rita Lee, 1977) como carro-chefe.

Na sequência, em 1978, um segundo álbum, Caia na gandaia, manteve o grupo em alta na pista por conta do hino disco Dancin' days (Ruban Barra e Nelson Motta, 1978), tema de abertura da novela homônima exibida pela TV Globo naquele ano.

Capa do álbum 'Diabo a 4', lançado pelas Frenéticas em 1983 quando o sexteto tinha virado quarteto — Foto: Reprodução

O declínio das Frenéticas começou, lentamente, com a edição do terceiro álbum, Soltas na vida (1979), lançado sem a repercussão artística e comercial dos dois discos anteriores. Um quarto álbum, Babando Lamartine (1980), dedicado ao cancioneiro do compositor carioca Lamartine Babo (1904 – 1963), ainda tentou salvar a pátria. Em vão.

Com o fim do apogeu dos dancin' days, as Frenéticas perderam impulso nos anos 1980 juntamente com as discotecas. Em 1983, já reduzido a um quarteto, mas com Edyr na formação, o grupo ainda tentou novamente a sorte e lançou o álbum Diabo a 4. Foi novamente em vão.

O charme e o encanto das tais Frenéticas já tinham sido diluídos pelo rock que dava blitz no mercado fonográfico. Alguns revivals reacenderiam posteriormente a chama da saudade, mas Edyr de Castro, ciente de que o sucesso não voltaria mais, passou a se dedicar ao oficio de atriz de novelas até 2009, ano em que interrompeu a carreira por problemas de saúde.

Em 2011, já sofrendo os efeitos do Mal de Alzheimer, passou a morar no Retiro dos Artistas, abrigo sediado no Rio de Janeiro (RJ), cidade natal da artista. Edyr de Castro se foi, mas permanece a aura irreverente das Frenéticas em volta do nome da artista.

— Foto: Editoria de Arte / G1

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