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Pai Paulo de Oxalá
Candomblecista
Por que a palavra ancestralidade é tão usada na cultura e religiosidade afro-brasileira
A resistência cultural deixada pelos antepassados
Por Pai Paulo de Oxalá
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A palavra “ancestralidade” hoje ganha destaque nas discussões e práticas das religiões de matriz africana, representando a valorização crescente das raízes culturais e espirituais africanas no Brasil.
Essa noção de ancestralidade, presente há séculos em religiões como o Candomblé e a Umbanda, manifesta-se como a ligação sagrada entre os vivos e os que vieram antes deles. Para os africanos, como os yorubás, o culto aos ancestrais vai além da lembrança; acredita-se que os antepassados habitam espaços sagrados e, muitas vezes, retornam ao mundo dos vivos na mesma família, recebendo nomes como Bàbátúndé ("o pai voltou") ou Ìyátúndé ("a mãe voltou") em homenagem a esse elo.
Os ancestrais – chamados Òkù Ọ̀run ou àgbagbà ésà – são reverenciados em rituais, como o Ìpàdé, que representa o “encontro ancestral”. Esses antepassados, vistos como forças ativas e protetoras, são guias espirituais que fortalecem e orientam o caminho dos que vivem, transmitindo uma rede de saberes e proteção entre gerações. Este conceito é fundamental na estrutura das religiões afro-brasileiras e se renova, ganhando nova visibilidade hoje como símbolo de identidade, resistência e conexão cultural.
O atual ressurgimento do termo "ancestralidade" acompanha a reafirmação das identidades afrodescendentes e uma crescente luta contra o racismo e a intolerância religiosa. A população negra e os praticantes das religiões afro-brasileiras têm buscado espaços de expressão onde podem celebrar e legitimar suas heranças culturais e espirituais, recuperando histórias que foram marginalizadas e resistindo ao apagamento cultural. Invocar a ancestralidade é relembrar as histórias de luta, superação e sabedoria, reforçando a continuidade e a força dessas tradições para as gerações futuras.
Valorizando a ancestralidade, as religiões de matriz africana também promovem um senso de comunidade e coletividade, resgatando o papel do “nós” em uma época de forte individualismo. A ancestralidade não só conecta, mas reafirma o compromisso com a tradição, oferecendo um espaço de acolhimento, troca e apoio.
Assim, o uso atual da palavra "ancestralidade" representa resistência cultural e espiritual, uma afirmação de identidade e uma renovação das conexões com o passado. Esse conceito reaviva práticas, saberes e o legado de todos aqueles que, por meio de suas vidas e devoção, construíram o caminho para que continuemos a trilhar.
Láàyè agbára àwọn ésà! (Viva o poder dos ancestrais!)
Axé para todos nós!