Este [artigo] explora a ética da vigilância na era digital, avaliando as suas luzes e sombras. Depois de avaliar as consequências da vigilância para a liberdade e a democracia, argumenta que devemos resistir à ilusão da vigilância: o pressuposto de que a vigilância não tem custos morais significativos.
Sob a ilusão da vigilância, apenas os benefícios da vigilância são considerados e, como resultado, a vigilância é considerada uma solução conveniente para problemas que poderiam ser resolvidos através de meios menos intrusivos – tudo sem perceber que a própria vigilância pode estar a criar, a longo prazo, problemas mais graves do que aqueles que está a resolver.

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O que uma reação à ilusão da vigilância sugere é que, para responder à questão de quanta vigilância é demasiada, temos de ir além das preocupações a curto prazo e pensar no tipo de sociedade que queremos ter daqui a décadas. Temos de refletir cuidadosamente sobre os requisitos de autonomia, liberdade, igualdade e democracia para nos certificarmos de que a vigilância não está a criar, a longo prazo, problemas mais graves do que aqueles que pretende resolver.

(de The Surveillance Delusion, em Oxford Handbook of Digital Ethics, por Carissa Véliz)