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Folha Liberal: A greve dos professores e a contratação municipal

“Os senhores presidentes de Câmara não dizem nada sobre este assunto? A Associação Nacional de Municípios Portugueses não tem nada a dizer sobre isto? “

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Desde o início de Janeiro que os professores estão em greve, o que tem causado enormes transtornos a muitos pais que não têm onde deixar os filhos, quando não há aulas. Ainda por cima, esta greve tem tido bastante adesão de professores e auxiliares, o que faz com que as contrariedades e aborrecimentos sejam muito maiores.

Todas as greves causam contratempos e desordens e esta não é diferente. Talvez por isso, e pela forma como a greve tem decorrido (uma greve de poucas horas diárias, mas de muitos dias) tem levado a que comece a haver quem ache que está a passar dos limites e tente a todo o custo acabar com ela, nomeadamente o Ministério da Educação.

Se o direito à greve é inquestionável, a mesma deve ser feita de acordo com a Lei, e, portanto, saber que o Ministério está a investigar alegadas atividades irregulares não deve ser entendido, em minha opinião, como um ataque ao direito à greve, mas como um ataque a práticas irregulares ou até criminais.

Mas a questão central que quero trazer com esta crónica, não é a justiça ou injustiça desta greve, não é a legalidade ou ilegalidade desta greve, nem tão pouco a moralidade ou imoralidade desta greve. O meu ponto principal é saber por que motivo os professores estão a fazer greve, e o porquê de, desta vez, a adesão estar a ser tão grande. Já houve muitas greves de professores, mas com uma adesão assim tão grande, eu não me lembro.

A razão principal para esta greve, ou pelo menos a que a despoletou, prende-se com a contratação de professores pelas Câmaras Municipais. Os professores, massivamente, estão contra a contratação dos professores pelas mesmas. E à primeira vista não se percebe bem o porquê. Então se os professores estão sempre a queixar-se, e com toda a razão, da forma como se fazem as contratações e as colocações, porque é que esta proposta os deixou tão indignados? Não seria esta uma forma de resolver o problema?

Os professores acham que não! E usam uma explicação e um argumento que me parece surreal… Os professores acham que, se a contratação fosse feita pelas Câmaras Municipais, os critérios seriam obscuros…

Então, os professores, massivamente, acham que as contratações de pessoal das Câmaras não se regem por competência e por critérios técnicos e éticos à prova de bala?

Ninguém acha estranho que a grande maioria dos professores pense isto e isso não nos revolte? Os senhores presidentes de Câmara não dizem nada sobre este assunto? A Associação Nacional de Municípios Portugueses não tem nada a dizer sobre isto? Não se sentem atingidos por este argumento dos professores?

Aceitamos todos, enquanto comunidade, que é assim? Será que é mesmo assim que funcionam as contratações feitas pelos Municípios?

Será que por exemplo, os 3 Diretores de Departamento, os 7 Chefes de Divisão e os 5 Chefes de Serviço, que a Câmara Municipal da Trofa está a contratar não serão escolhidos por ser os melhores para a função e por critérios bem determinados, mas por critérios que a maioria dos professores acha tão maus que preferem que tudo continue como está? (Por falar nisso, então o aumento da massa salarial da Câmara da Trofa não era por causa da transferência de competências?)

Não sei se os professores têm razão ou não para estar tão desconfiados, mas que ninguém diga que isso não é assim, parece-me bastante problemático e muito pouco lisonjeiro para o poder autárquico…

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diamantino.costa@hotmail.com

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