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Crónicas e opinião

Escrita com Norte: Ressaca de um aniversário

“Por estas coisas e outras, há quem diga que sou uma pessoa à moda antiga, se calhar para não dizerem estranho (ou parolo), e a todas as trezentas e quarenta e quatro pessoas que me felicitaram através do FB, sete amigos, trinta bons conhecidos, setenta e três conhecidos, duzentos conhecidos de vista e restantes desconhecidos, pelo meu aniversário, agradeci um a um pela lembrança.”

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Apesar de termos poucos dias de 2023, temos passos firmes no século 21, e tendo eu nascido no século 20, na década de 70, e curtido o bom e o mau dos anos 80, mantenho hábitos do século 19. Há igualdades de género (para mim de sexo) que não me interessam, para mim, uma senhora é uma senhora! Continuo a abrir-lhes a porta, a dar-lhes a passagem, a cuidar a linguagem, a oferecer o meu lugar, … e apesar de achar que sou um espécime em vias de extinção, começo a ver jovens, que, apesar das modernices de igualdade de género (para mim de sexo), têm igual comportamento. Começava a julgar-me estranho, adjectivo que utilizo para mim, para substituir o adjectivo parolo.
Há poucos dias, no dia seguinte ao meu aniversário, numa fila de trânsito, tive o comportamento normalmente estranho (parolo) em mim. Com um pisca-pisca, sinalizo assertivamente a minha mudança de direcção e ouço a buzina do carro que me seguia, dando-me indicação para parar. Estacionei e sou abraçado pelo condutor desse carro… também ele dá o “pisca”, quando conduz. Trocamos os números de telefone!
Por estas coisas e outras, há quem diga que sou uma pessoa à moda antiga, se calhar para não dizerem estranho (ou parolo), e a todas as trezentas e quarenta e quatro pessoas que me felicitaram através do FB, sete amigos, trinta bons conhecidos, setenta e três conhecidos, duzentos conhecidos de vista e restantes desconhecidos, pelo meu aniversário, agradeci um a um pela lembrança.
Algumas boas mentiras diziam, “Não te dava mais de quarenta e dois”, e crente (e contente), ao telefone, partilhei com a minha mãe:

– Mamã, havia quem não me desse mais de quarenta e dois!

– Essa gente está tola meu filho! Se não tivesse sido eu a ter-te, não te dava mais de trinta e oito.

– Tens razão, mamã! No máximo, quarenta!

– Estás tolo, meu filho! Trinta e oito.

Mas ontem, ao final do dia, depois de ler o título de um estudo, que dizia que elas acham os carecas mais atraentes (e eu que nem entradas tenho), sou atingido por um relâmpago de realismo, sob a forma de mensagem, enviada pelo meu amigo Miguel Paredes:
“Meu caro, parabéns atrasados pelo aniversário. Se eu fosse gaja, diria que cada vez estás melhor, mais elegante, mais charmoso, mais… Como sou gajo, digo que estás velho e mais gordo que uma vaca!!! Um forte abraço!”
Estou velho e acabado! E amanhã, pela manhãzinha, vou ligar à minha mãe!

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