O governador Ronaldo Caiado (UB) afirmou ao POPULAR que a aprovação do projeto de lei que concede anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de Janeiro de 2023 é um ponto convergente com o Partido Liberal (PL). "Já estive presente lá em São Paulo (no evento do dia 6, na Avenida Paulista, realizado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro). Esse é um ponto convergente nosso", disse o governador.
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A declaração do mandatário ocorreu nesta quarta-feira (16), um dia após o PL goiano decidir não recorrer da decisão do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) que reverteu, em julgamento em 8 de abril, a inelegibilidade de Caiado e rejeitou a cassação do prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (UB), e de sua vice, Cláudia Lira (Avante), encerrando a batalha jurídica entre as siglas.
"(A anistia) É um assunto que, sem dúvida nenhuma, eu concordo plenamente que as penas têm sido acima daquilo que se aplica normalmente em qualquer punição. Estão sendo, de uma certa maneira, desproporcionais com aquilo que foi praticado", disse o governador, logo após a cerimônia, no Palácio das Esmeraldas, de assinatura do contrato de concessão do Estádio Serra Dourada.
Sobre a possível trégua na relação conturbada com o PL - que além da questão jurídica, também fora permeada de ruídos ao longo de toda a campanha da eleição municipal no ano passado, especialmente no segundo turno, quando o ex-deputado Fred Rodrigues (PL) disputou a Prefeitura de Goiânia contra Mabel -, o governador reagiu afirmando que é um político de perfil "conciliador".
"Eu só faço política conciliando. Construindo paz. Construindo entendimento. Você vê que estamos com 86% de aprovação. Isso só se constrói com esse nível de pacificação, de paz, de contribuição de cada par, e cada vez respondendo melhor ao povo goiano", disse Caiado.
Costura
O POPULAR revelou que Fred Rodrigues - que moveu, junto à coligação Goiânia Acima de Tudo (PL/Novo), a ação contra Caiado, Mabel e Cláudia - esteve no Palácio das Esmeraldas na noite de segunda-feira (14), quando firmou o compromisso de não recorrer da decisão do TRE-G O. Ao Giro nesta quarta, o ex-deputado estadual disse que, em troca, seu partido espera "empenho total" do governador nas articulações pela aprovação da anistia.
A decisão do PL foi costurada nos bastidores em conversas com o próprio governador e que também tiveram o envolvimento inicial de Bolsonaro. Advogado do partido, Leonardo Batista afirmou à reportagem que houve acordo entre o senador Wilder Morais - presidente regional do PL-, Fred Rodrigues, Caiado e Mabel para "unir as direitas" no estado.
Entretanto, não haveria compromisso de apoio do PL ao candidato de Caiado ao governo de Goiás em 2026 - que deverá ser o vice-governador, Daniel Vilela (MDB). O partido articula lançar o seu próprio nome. Caiado é pré-candidato à Presidência da República.
A ação do PL, apresentada ainda durante a disputa eleitoral do ano passado, no decorrer do segundo turno na capital, acusava o governador de abuso de poder político pela realização de dois encontros com vereadores e suplentes no Palácio das Esmeraldas, residência oficial do chefe do Executivo, durante a campanha de 2024.
Em dezembro, a juíza eleitoral Maria Umbelina Zorzetti, da 1ª Zona Eleitoral de Goiânia, decidiu pela inelegibilidade por oito anos de Caiado, e pela cassação de Mabel e Cláudia.
No julgamento de 8 de abril, o TRE-GO entendeu que houve prática de condutas vedadas pela legislação eleitoral, mas as sanções determinadas em primeiro grau foram consideradas desproporcionais. Com isso, a decisão do tribunal foi de apenas manter a aplicação de multas a Caiado (R$ 60 mil), Mabel (R$ 40 mil) e Cláudia (R$ 5,3 mi).
Apoio para votação
Após ter participado do evento em favor da anistia, na semana passada, o governador classificou a mobilização como "um ato humanitário, de significado maior, em decorrência das penas, que extrapolam aquilo que a população também entende como parâmetro em outros casos". Até então, o posicionamento do governador era em defesa de 'filtro' para os envolvidos nos atos de motivação golpista, tendo apontando inclusive que o 8 de janeiro foi "indefensável", mas reforçando as críticas por penas desproporcionais.
O requerimento para acelerar a tramitação da proposta de anistia na Câmara dos Deputados já atingiu as 257 assinaturas mínimas e foi protocolado formalmente na segunda, incluindo a assinatura de 13 membros da bancada federal goiana ao pedido de urgência. As exceções foram a deputada federal Lêda Borges (PSDB) e os três integrantes da base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Goiás: Rubens Otoni (PT), Adriana Accorsi (PT) e a líder da bancada, Flávia Morais (PDT).
Questionado pela reportagem se articulou com os deputados federais goianos para que assinassem o requerimento de urgência, Caiado limitou-se a dizer que considera que, dentre as bancadas estaduais, a goiana "deve ter sido a com maior porcentual de assinaturas".
Para o governador, o momento agora é de "uma ação dos líderes junto ao presidente (da Câmara) para que a matéria seja colocada no plenário de votação". "Esse assunto é um entendimento que nós temos, então vou me esforçar, apesar de que todos os deputados aqui de Goiás - quer dizer, que tenham o mesmo pensamento nosso -, todos eles já assinaram", afirmou Caiado. "Essa matéria agora é uma matéria que vai ser tratada do ponto de vista regimental", finalizou.