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Marcelo evoca Eduardo Lourenço como o “mais destacado intelectual público”

O presidente da República disse sobre Eduardo Lourenço que entre “todos os intelectuais portugueses da sua envergadura, nenhum outro foi tão alheio à altivez, à auto-satisfação, ao desdém intelectual, ao desinteresse pelas gerações seguintes”.
1 Dezembro 2020, 11h32

O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, evocou e agradeceu ao ensaísta Eduardo Lourenço, que disse ser, desde o início da segunda metade do século passado, o “mais destacado intelectual público” e uma “figura essencial” de Portugal.

O ensaísta Eduardo Lourenço, de 97 anos, morreu hoje, em Lisboa, confirmou à agência Lusa fonte da Presidência da República.

“Eduardo Lourenço foi, desde o início da segunda metade do século passado, o nosso mais importante ensaísta e crítico, o nosso mais destacado intelectual público”, refere a nota no ‘site’ da Presidência da República.

De acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, o ensaísta nunca esteve “alheado dos debates do nosso tempo, nem das vicissitudes da política”.

“Devemos-lhe algumas das leituras mais decisivas de Pessoa, que marcam um antes e um depois, e um envolvimento, muitas vezes heterodoxo, nas questões religiosas, filosóficas e ideológicas contemporâneas, do existencialismo ao cristianismo conciliar e à Revolução”, enalteceu.

Entre “todos os intelectuais portugueses da sua envergadura”, na perspetiva do chefe de Estado, “nenhum outro foi tão alheio à altivez, à auto-satisfação, ao desdém intelectual, ao desinteresse pelas gerações seguintes”.

“Vencedor de diversos prémios, incluindo o Pessoa e o Camões, distinguido por quatro vezes com ordens nacionais, e também reconhecido no estrangeiro, o Prof. Eduardo Lourenço deu-me a honra de integrar o Conselho de Estado”, elencou.

Marcelo Rebelo de Sousa apresentou as suas sentidas condolências aos familiares “pela perda deste amigo, deste sábio, desta figura essencial do Portugal em que vivemos”.

O presidente da República afirmou também que está muito grato ao ensaísta Eduardo Lourenço, ao ter dedicado “praticamente um século de serviço” ao país.

“Portugal está-lhe muito, muito grato. Foi praticamente um século de serviço à nossa pátria”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, que falava aos jornalistas no final das comemorações do 1.º de Dezembro, em Lisboa.

O Presidente da República realçou a “coincidência simbólica” de “o maior pensador sobre Portugal vivo” ter morrido no dia da Restauração da Independência.

“Quase que parecia que teria que ser assim”, acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa frisou que Eduardo Lourenço “pensou Portugal durante toda a vida”.

“Escreveu sempre sobre Portugal, sobre o que é Portugal, sobre a história de Portugal, o que é ser português, qual é a nossa identidade, o que significamos hoje e no futuro e toda a vida foi verdadeiramente dedicada a pensar sobre Portugal”, realçou.

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