A Treasure é um pequeno estúdio japonês fundado no dia 19 de junho de 1992 por antigos funcionários da Konami que sonhavam em ter liberdade para desenvolver seus jogos. Segundo uma entrevista do presidente da empresa , Masato Maegawa, a GameFan Magazine de setembro de 1993, a Konami não apostava no sucesso do “Gunstar Heroes“, sendo a principal razão para ele sair de lá.

“Quando você decidiu sair da Konami?” – pergunta o jornalista

“A Konami é uma empresa enorme, então não tem como você desenvolver os jogos como você quer.” – responde Maegawa – “Os maiores títulos da Konami são TMNT, Castlevania etc… eu não queria continuar fazendo apenas sequências, mas para direcionar as vendas é o que deve ser feito. Quando apresentei minha ideia sobre o Gunstar Heroes, eles recusaram dizendo ‘não, não venderá’. Eles querem algo certo por serem uma companhia de alto nível”. 

Masato Maegawa em 2009 (Foto: Reprodução)

Logo que fundaram o estúdio, eles fecharam parceria com a SEGA e começaram a trabalhar no já citado “Gunstar Heroes“, feito para mostrar que o Mega Drive podia ter efeitos de transparência, distorções e “zoom” que, até então, os jogadores acreditavam ser exclusividade da concorrência.

Além disso, Maegawa declara na mesma entrevista que o processador do Mega era mais fácil de trabalhar e que seria “muito difícil desenvolver este jogo no videogame concorrente“, evidenciando que mais do que a sofisticação técnica, o que conta é como os desenvolvedores trabalham com recursos.

Com o grande sucesso de “Gunstar Heroes”, eles continuaram a parceria com os videogames SEGA até esta sair do ramo de consoles, como o “Guardian Heroes” para o Sega Saturn e “Ikaruga” para o Dreamcast.  Após a mudança nas políticas da “casa do Sonic”, a Treasure continuou sendo parceira, e um dos jogos mais notáveis da dupla é o “Astro Boy: Omega Factor” para GameBoy Advance.

GUNSTAR HEROES
(9 DE SETEMBRO DE 1993)

Como dito na introdução, este foi o primeiro lançamento do estúdio, apesar de que o “Mc Donald´s Treasure Land Adventure” foi o primeiro projeto trabalhado.

Dispensando apresentações aos  retrogamers, “Gunstar Heroes” rendeu sucesso comercial e de crítica, recebendo diversas análises empolgadas no mundo inteiro (não deixe de conferir a nossa!), além de ser listado como um dos melhores jogos de todos os tempos em muitas publicações. Para muita gente, este é o melhor game do Mega Drive.

MC DONALD´S TREASURE LAND ADVENTURE
(23 de SETEMBRO DE 1993)

Vindo de uma parceria com a famosa rede de fast-foods, o “McDonald´s Treasure Land Adventure” é um típico jogo de plataforma dos anos noventa.

Você anda por cenários laterais, pula, vence chefes no final de uma fase e deve superar obstáculos. No entanto, ele tem muito da identidade da Treasure, com ritmo frenético, riqueza visual impressionante, chefes criativos e procura extrair bem a potência do Mega Drive.

DYNAMITE HEADDY
(5 DE AGOSTO DE 1994)

Após a conclusão dos jogos anteriores, a Treasure foi dividida em quatro para trabalhar em quatro projetos diferentes para o Mega Drive: “Alien Soldier”, “Light Crusader”, “Yuyu Hakusho: Makyo Toitsusen” e o “Dynamite Headdy”.

Após o lançamento japonês deste último, o jogo chegou às mãos da SEGA Americana e lá eles ordenaram que o estúdio “elevasse o nível de dificuldade” para que as pessoas não o completassem ao alugá-lo. Por essa razão, a versão ocidental de “Dynamite Headdy” é, pelo menos, duas vezes mais difícil que a oriental, além da decisão em mudar alguns sprites e boa parte dos diálogos foram removidos para deixar o game mais dinâmico.

Assim como o “Gunstar Heroes”, este se tornou um clássico do Mega Drive e é bastante lembrado até os dias de hoje. Tendo excelência em todos os pontos, chefes criativos e variedade, este é mais um game com toda “a cara” da Treasure.

YUYU HAKUSHO: SUNSET FIGHTERS
(30 DE SETEMBRO DE 1994)

Este tem uma história bem curiosa para nós, brasileiros. Originalmente, “Yuyu Hakusho: Sunset Fighters” ficou restrito ao mercado japonês, porém, quando o anime chegou ao Brasil, a Tectoy resolveu localizá-lo. Isso significa que não há lançamento norte-americano e nem europeu, apenas o Japão e o Brasil têm esse game. A versão nacional hoje vale “uma fortuna” para colecionadores do mundo inteiro.

Já fizemos uma análise, mas vale lembrar que ele é um competente jogo de luta em 2D, reforçando ainda mais a credibilidade da Treasure. O curioso é que a tradução para o português ficou “fiel demais” a sua versão original, não contando com os nomes adaptados (Yusuke é Urai / Kuwabara é Kuwaha etc).

ALIEN SOLDIER
(24 DE FEVEREIRO DE 1995)

Este é um game que ficou exclusivo no Japão, exceto se você contar a versão do Sega Channel, o serviço online da SEGA. Seguindo a tradição de bons games da Treasure,  “Alien Soldier” tem tudo que você espera de um jogo do estúdio: chefes gigantes, ritmo frenético, gráficos bons, música intensa e por aí vai.

No entanto, este aqui não é tão amigável para jogadores casuais, sendo mais atraente aos hardcores pelo seu grande número de chefes e nível de dificuldade elevado que divide opiniões. Uma pena não ter chegado em cartucho ao ocidente.

LIGHT CRUSADER
(25 DE MAIO DE 1995)

Sendo mais um projeto que explora toda a criatividade do estúdio, “Light Crusader” mistura RPG com plataforma, ação, resolução de enigmas e gráficos com perspectiva isométrica.

Com visual bonito, trilha sonora bacana e jogabilidade fluida e eficiente, ele só não chega ao status de clássico pela ausência de uma boa história e pecar no extremo oposto do “Alien Soldier“: ser fácil demais. Mesmo assim, mantém o padrão de bons jogos da Treasure e é mais um título do Mega Drive que vale a pena dar uma conferida.

Mega Drive Tectoy

Mantendo o icônico design original, o Mega Drive foi relançado pela Tectoy em 2017 com 22 jogos na memória (expansível até 594 jogos), trazendo a oportunidade de antigos e novos fãs matarem as saudades de clássicos como Sonic The Hedgehog, Golden Axe, Streets of Rage, Shinobi, entre outros. Acesse o link para mais informações do produto!