Preview Festival de Cinema de Gramado 2018

Preview Festival de Cinema de Gramado 2018

Seleção de longas

Os 14 filmes em longa-metragem que disputam Kikitos nas mostras brasileira e estrangeira neste 46º Festival de Cinema de Gramado compõem um quadro que mostra a excelência do audiovisual produzido na América Latina. “Sim, achamos que a seleção de 2018 é das mais interessantes e inovadoras, reunindo cineastas de lugares distintos e até inesperados”, opinam os curadores Eva Piwowarski, Marcos Santuario e Rubens Ewald Filho.
Entre as nove produções nacionais, há espaço para diversos gêneros: animações, cinebiografias, dramas, musicais, e inclusive “alguns filmes um pouco teatrais”, complementa o grupo responsável pela seleção. Grandes personalidades da sétima arte brasileira retornam à serra gaúcha para apresentar suas mais recentes obras, todas inéditas em território nacional.
Otto Guerra, homenageado no ano passado com o troféu Eduardo Abelin e cuja trajetória no cinema de animação tem muitos vínculos com o Festival de Gramado (onde apresentou seu primeiro curta, “O Natal do Burrinho”, em 1984) mostra pela primeira vez seu “A cidade dos piratas”, que tem certo ar autobiográfico ao incluir na narrativa o drama do próprio diretor, que “se vê diante de uma situação complexa” quando “o autor da história passa a negar os personagens principais da trama”. É uma referência à cartunista Laerte, dona dos traços que ilustram o filme, desenhados, entretanto, muito tempo atrás.
Jayme Monjardim, grande diretor de superproduções como a que apresentou em Gramado em 2004, “Olga”, traz este ano para o festival “seu filme mais delicado e humano”, “O Avental Rosa”. “É um momento muito importante para mim, por ser meu primeiro filme autoral”, agradeceu, em vídeo enviado ao evento.
Depois de três anos, quando concorreu com “O outro lado do paraíso” (2015), André Ristum retorna à Gramado para mostrar “A voz do silêncio”, que tem no elenco Marieta Severo. E o grande vencedor do Festival de Cinema de Gramado de 2011, Gustavo Pizzi, cujo filme “Riscado” ganhou quatro Kikitos (incluindo o de melhor diretor), além do prêmio do Júri da Crítica, traz em 2018 para o Palácio dos Festivais “Benzinho”.
As mulheres estão bem representadas na mostra de longas nacionais com dois filmes de diretoras: “Mormaço” de Marina Meliande, sucesso no Festival de Roterdã, e “O Banquete”, de Daniela Thomas, que ganhou notoriedade em 2017 com uma obra que causou espanto e polêmica: “Vazante”. Aliás, foi seu parceiro em “Vazante”, Beto Amaral, que a incentivou a rodar “O Banquete”, mais de 20 anos depois que ela escrevera a primeira versão do filme. “Em 2009 ele leu o texto e quis viabilizá-lo para o cinema. Sentiu-se como que projetado de volta para os jantares que acompanhou na sua infância e adolescência e empenhou-se ferozmente para levantar e realizar o projeto”, conta ela em um depoimento enviado ao Festival de Cinema de Gramado.
Os curadores destacam ainda duas cinebiografias “empolgantes” e “com grandes interpretações”: a vida tumultuada de Wilson Simonal (“Simonal”) e “Dez Segundos para Vencer”, “certamente o melhor filme de boxe brasileiro, contando a vida do lendário Eder Jofre”, avaliam. Outro filme que deve surpreender é “Ferrugem”, de Aly Muritiba, que enfoca o drama da adolescente Tati e sua relação com as redes sociais e a privacidade.

Latino-americanos

Os cinco filmes estrangeiros em competição na mostra internacional representam a cinematografia dos oito países envolvidos em suas produções. O Uruguai é destaque, com participação em três das cinco obras (“Averno”, em coprodução com a Bolívia; “Las Herederas”, majoritariamente paraguaio; e “Mi Mundial”, ao lado dos vizinhos Argentina e Brasil). “São filmes que mostram o vigor, a criatividade, a força narrativa e as ousadias estéticas com os quais os realizadores latinos estão realizando suas obras”, salientam os curadores.
O tema do envelhecimento pauta duas produções: “Las Herederas” e “Violetas al Fín”; “Averno” coloca em cena o universo cosmológico andino, com suas lendas. Da Argentina vem “Recreo”, que reitera o talento do país para as comédias dramáticas que reúnem talento e intensidade. “Uma sequência de filmes latinos que marcam esta como uma das mais belas edições também em termos de filmografia estrangeira”, asseguram.
A mostra competitiva de longas-metragens tem início já nessa sexta-feira, 17 de agosto, a partir das 20h30, com “A Voz do Silêncio”, de André Ristum.
Competição de longas-metragens brasileiros
– “O Avental Rosa” (RS), de Jayme Monjardim
– “10 Segundos Para Vencer” (RJ), de José Alvarenga Jr.
– “O Banquete” (SP), de Daniela Thomas
– “Benzinho” (RJ), de Gustavo Pizzi
– “A Cidade dos Piratas” (RS), de Otto Guerra
– “Ferrugem” (PR), de Aly Muritiba
– “Mormaço” (RJ), de Marina Meliande
– “Simonal” (RJ), de Leonardo Domingues
– “A Voz do Silêncio” (SP), de André Ristum
Competição de longas-metragens estrangeiros
– “Averno” (Bolívia/Uruguai), de Marcos Loayza
– “Las Herederas” (Paraguai/Brasil/Uruguai/França/Alemanha), de Marcelo Martinessi
– “Mi Mundial” (Uruguai/Argentina/Brasil), de Carlos Morelli
– “Recreo” (Argentina), de Hernán Guerschuny e Jazmín Stuart
– “Violeta al Fin” (Costa Rica/México), de Hilda Hidalgo

Entrada franca

As cinco mostras paralelas da 46ª edição do Festival de Cinema de Gramado começam já no primeiro sábado do evento e são oportunidade para quem quer consumir cinema de boa qualidade em horários alternativos e com entrada franca. Neste dia, às 16h, tem início a programação do Cinema nos Bairros, com o filme “Malasartes e o duelo com a morte”, de Paulo Morelli. A exibição ocorre no Centro de Reabilitação Emanuel, que será a primeira de sete localidades fora do centro de Gramado a ter projeções tanto de longas-metragens como dos filmes produzidos no âmbito do Educavídeo.
A partir da segunda-feira, 20, são pelo menos cinco sessões ao longo do dia. O Palácio dos Festivais abriga, pelas manhãs, a Mostra Infantil (cujas projeções são seguidas de bate-papo), além da de Longas Gaúchos no início da tarde. O Teatro Elisabeth Rosenlfeld recebe a inédita Mostra de Cinema Acessível, que oferece sessões com legendas descritivas, audiodescrição e linguagem de libras, além da Mostra de Cinema Universitário e da programação especial dedicado ao país homenageado do 46º Festival de Cinema de Gramado, a Itália. As mostras paralelas do evento seguem até a sexta-feira, 24 de agosto.

Associação de críticos do Rio Grande do Sul

As mostras de curtas gaúchos (competitiva) e de longas (paralela) terá ampla participação da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (Accirs). A entidade formou um júri especialmente para avaliar as produções em curta-metragem produzidas no Estado, que será composto por Adriana Androvandi, Cristiano Aquino, Mônica Kanitz, Rodrigo de Oliveira e Roger Lerina. Os associados da Accirs entregarão o prêmio da crítica na Mostra Assembleia Legislativa de Curtas-Metragens de Gramado. Já o mediador dos debates dessa competição será Marcus Mello, também integrante da entidade. Na mostra de longas-metragens gaúchos, caberá à Ivonete Pinto a tarefa de mediar os debates, que ocorrem logo após o final das sessões (com início às 13h30, no Palácio dos Festivais).

Jurados

Curtas Gaúchos
Hermes Leal, Julio Uchoa, Lu Grimaldi, Maíra Carvalho e Rafael Carvalho
Júri da Crítica
Gabriel Carneiro, José Romero Carrillo, Renato Cabral, Sérgio Alpendre e Siliane Vieira

Programação

Sexta-feira, 17 de agosto
16h – Rua Coberta
Abertura oficial do Festival com a Orquestra Sinfônica de Gramado
17h – Museu do Festival
Abertura de exposição fotográfica: “Bastidores com Domingos de Oliveira”
18h – Palácio dos Festivais
Longa-metragem “O Grande Circo Místico”, de Carlos Diegues
Mostra competitiva brasileira: “A voz do Silêncio”, de André Ristum
*Sessões com legenda descritiva