10/11/2016 07h00 - Atualizado em 10/11/2016 12h20

Guerra digital vira guerra física, diz Oliver Stone, de 'Snowden'; VÍDEO

Diretor do filme sobre homem que revelou vigilância dos EUA falou ao G1.
Para ele, EUA usam monitoramento para manter poder sobre outros países.

Helton Simões GomesDo G1, em São Paulo

Os sistemas de espionagem em massa por meio da internet são uma ferramenta para os Estados Unidos manterem seu poder sobre outros países, resume Oliver Stone, diretor de "Snowden - Herói ou Traidor", que chega nesta quinta-feira (10) aos cinemas e trata do ex-analista de CIA e NSA que revelou ao mundo a extensão dessas engrenagens.

O filme é repleto de cenas que mostram como a cibervigilância se tornou tão massiva quanto controversa. Em uma delas, Edward Snowden exibe a seus colegas de NSA um mapa que mostra que havia mais norte-americanos monitorados do que alvos na Rússia.

"Ele fala sobre Brasil, da França, fala sobre todos os países em que nós estamos interessados. Quando você tem essa informação, o que que todo país faz, mas os EUA têm maior tecnologia que pode fazer isso, você quer saber o que os franceses estão pensando, quer saber quem vai ser eleito. Você quer controlar tanto quanto possível as eleições que estão por vir", diz o diretor.

"Mas a questão fica mais violenta e muito mais perigosa, uma vez que você entra no campo de guerra cibernética. Fica mais perigoso porque você não sabe quem começou, quem mandou a mensagem, quem mandou o vírus, que começou tudo isso."

Vencedor de três estatuetas do Oscar, Stone falou ao G1 de como o poder da NSA aumentou depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. A colisão de dois aviões contra as Torres Gêmeas de Nova York e o esforço de policiais para salvar vidas são o mote de outro filme dele, "World Trade Center", de 2006.

"A vigilância não é sobre terrorismo, é sobre achar a maior quantidade de informação sobre todo país, toda corporação. A Petrobras é um exemplo. Aí você acha corrupção, você acha escândalos. E a forma como você libera essas informações pode influenciar e muito uma eleição", comenta.

Veterano de guerra, Oliver não perde uma oportunidade para dizer que os EUA usam seu arsenal digital para minar ou sabotar adversários e governos inconvenientes politicamente. Nem aliados escapam, afinal, informação é o nome do jogo.

Oliver conhece bem o campo de batalha. Ele foi à Guerra do Vietnã, de onde tirou inspiração para "Platoon", que lhe rendeu um Oscar de direção em 1986. Ele, no entanto, duvida que os EUA se meterão outra vez em um atoleiro como esse.

E, em tempos de guerra cibernética, caso isso venha acontecer e ouro Snowden não aparecer, vai ficar difícil ficar sabendo. "Os EUA gostam de agir acobertadamente. Agora, nós somos muito bons nisso, porque fazemos isso desde a 2ª Guerra Mundial."

Cronologia Edward Snowden (Foto: ARTE/G1)
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