31/10/2016 13h01 - Atualizado em 31/10/2016 15h14

Amigos, profissionais e autoridades lamentam morte de Milton Cordeiro

Vice-presidente de jornalismo da Rede Amazônica faleceu aos 84 anos.
Entrevistados falaram sobre experiências ao lado dele e seu legado.

Do G1 AM

Milton Cordeiro em foto de 2013, na sala de reunião do departamento de jornalismo da Rede Amazônica (Foto: Reprodução / Rede Amazônica)Milton Cordeiro em foto de 2013, na sala de reunião do departamento de jornalismo da Rede Amazônica (Foto: Reprodução / Rede Amazônica)

Profissionais da área de comunicação, amigos e gestores de instituições públicas e privadas lamentaram a morte do vice-presidente de jornalismo da Rede Amazônica, Milton Cordeiro. Ele estava internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular de Manaus, com um quadro grave de pneumonia, e morreu aos 84 anos, na noite de domingo (30). 

O empreendedorismo, a personalidade enérgica e o legado deixado para o jornalismo por Milton Cordeiro - que foi um dos fundadores do grupo Rede Amazônica - foi destacado por profissionais que trabalharam ao seu lado. 

O diretor de jornalismo da Rede Amazônica, Luis Augusto Pires Batista, destaca a importância do trabalho desenvolvido pelo vice-presidente. "Ele soube construir essa redação nossa, que está em cinco estados. Ao longo do tempo, a Rede Amazônica ampliou para o Amazon Sat, para a internet. Ele sempre foi uma pessoa que esteve à frente desses negócios. Deixa um legado imenso. A gente realmente sente a partida dele, mas por tudo que conviveu com a gente, tudo que nos ensinou, a gente tem um legado imenso para continuar fazendo esse jornalismo que ele idealizou", disse.

O gerente do G1 Amazonas, Muniz Neto, relembrou a competência de Milton no trabalho cotidiano. "O Dr. Milton era simples, correto e competente no seu trabalho. Um homem que nos guiava com sua experiência indicando o melhor caminho a seguir nas pautas diárias. Ele deixa o legado de um jornalismo responsável e que, com certeza, estará para sempre em nossas decisões e caminhos. É uma perda do tamanho do que ele representa para todos nós", declarou.

O jornalista esportivo Dudu Monteiro de Paula, conheceu Milton antes de trabalhar na área jornalística. "Eu particularmente o conheci em outra situação. Jogava voleibol junto com meu pai e no dia seguinte que me apresentei para trabalhar aqui ele falou olhando nos olhos: 'espero que você seja melhor jornalista que jogador de vôlei'. naquela brincadeira dele. Era um homem extremamente divertido, embora duro. Ele foi a pessoa que transformou a escrita em palavras. Ele sempre foi o responsável por conduzir o que ele escrevia para que nós locutores pudéssemos ler. Assim como ele era nosso mentor em nossos textos. É uma grande perda", disse Dudu.

A atuação de Milton Cordeiro também foi notada na rádio. "O jornalismo da Rádio Amazonas existe pelo interesse do Dr. Milton. Um homem firme nas suas convicções, forte nos seus dizeres, mas um 'paizão'. Um cara que nos ensinava. A prendemos muito com Dr. Milton. Para a família, nossos pêsames. Não temos dúvida que o jornalismo perde um grande nome, um grande homem, um grande profissional", disse o radialista Patrick Motta.

O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Manaus (CDL-Manaus), Ralph Assayag, conheceu Milton Cordeiro ainda na infância. “Ele trabalhava na Associação Comercial junto com meu pai e de lá começamos a nossa amizade”.

Assayag lembra como principal característica de Milton o apoio constante ao comércio como forma de melhorar a cidade e a vida das pessoas. “Temos que agradecer muito a sua coragem, colaboração e sinceridade com as entidades, além da sua parceria e amizade com toda a diretoria”, disse ao G1.

Wilson Périco, presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), disse que tinha contato direto com "Dr. Milton", como era conhecido. “É uma perda inestimável. Nesse momento de dor, o que devemos lembrar é o legado e toda a contribuição de aprendizado que ele deixou”, lamentou.

O vice-presidente da Federação das Indústrias do Amazonas (FIEAM), Nelson Azevedo, lembrou do caráter do amigo. “Eu acredito que é uma pessoa que marcou a história no nosso estado, um exemplo a ser seguido e imitado por sua conduta. Ele gozava de muito prestígio junto à classe empresarial do Amazonas, tanto na indústria, comércio e agricultura. Ele possuía um conceito exemplar perante às classes”, comentou.

Jefferson Coronel foi repórter e correspondente da Globo em Manaus. Ele relembrou os anos de trabalho próximo ao vice-presidente da Rede Amazônica. "É uma pessoa rígida, dura, mas com extrema sensibilidade. Era um homem capaz de entrar em uma batalha com você e no segundo seguinte se emocionar com você. Um homem que sabia ouvir. Um homem correto, de hábitos muito simples". 

 Arnoldo Santos relembrou momentos na Rede Amazônica (Foto: Arquivo Pessoal) Arnoldo Santos relembrou momentos na Rede
Amazônica (Foto: Arquivo Pessoal)

O jornalista Arnoldo Santos relembrou os momentos em que atuou ao lado de Milton. "O destino me deu a chance de ter um último encontro com o velho chefe. Muita gente deve ter motivos pra criticá-lo, em sua forma sinuosa de comandar, mas testemunhei o quanto era mole o seu coração. No fim das contas, era um patrão presente na vida da redação. Corrigia meus textos. Fazia a escalada do jornal que editava. Opinava no espelho e decidia. Isso quer dizer que sempre estava presente. A nau tinha um comandante que definia seu rumo diretamente. Enfim, descansou desta condição infame de seres terrenos".

Cristina Magda foi repórter e apresentadora na Rede Amazônica. Ela lembra da convivência com Milton na década de 1990. "Conviver com Dr. Milton foi sempre enriquecedor. No auge da minha juventude, ainda na faculdade, era sempre um lorde. Realmente uma perda muito grande para o jornalismo amazonense, para quem conviveu com ele. Uma pessoa muito firme, de pensamentos muito firmes. Ele norteava os repórteres da época. Eu sou muito grata a ele por toda confiança que depositou em mim", afirma.

A jornalista Daniela Assayag, que atuou como repórter correspondente na Rede Amazônica, diz que Milton faz parte da história do jornalismo local. "Enérgico em suas decisões, mas sempre generoso com quem estava a sua volta. Procurava ser justo. Personalidade marcante na vida do jornalismo da nossa região. Dr Milton fará falta...faz parte da história do jornalismo da nossa cidade, de muitos profissionais da área e inclusive da minha", disse Daniela.

Em nota, o prefeito de Manaus, Artur Netto, também lamentou a morte de Milton. "Lamento muito a passagem do Doutor Milton Cordeiro, que fazia parte do meu ciclo de amigos. Ele era de uma família muito ligada a minha. Meu pai era muito amigo dele. Uma figura sempre correta e cumpridora de suas obrigações. Ele nos deixou e abre um grande buraco na Rede Amazônica e, principalmente, para toda a categoria dos jornalistas que perde um grande profissional".

O governo do estado emitiu nota de pesar lamentando o falecimento. "Milton Cordeiro foi uma pessoa dedicada em integrar os povos da Amazônia pela comunicação. Ao lado de Phelippe Daou e Joaquim Margarido - falecido em outubro de 2016 – fundou um dos maiores grupo de comunicação da região Norte", cita trecho da nota.

A Câmara Municipal de Manaus (CMM) também emitiu nota de pesar na manhã desta segunda-feira (31). "O Poder Legislativo Municipal se solidariza com os familiares e amigos de Milton Cordeiro", cita o comunicado.

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