quarta-feira, maio 04, 2016

Supergonorreia se espalha e pode se tornar incurável

Cada vez mais perigosa
Por causa de uma nova bactéria, um alerta nacional foi emitido no ano passado quando foram registrados casos em Leeds, no condado de Yorkshire, na região central do país. Um dos principais tratamentos contra a doença mostrou-se ineficaz contra essa variedade. A agência governamental Public Health England reconheceu que medidas tomadas para conter a epidemia tiveram “sucesso limitado”. Até o momento, foram confirmados por meio de testes de laboratório 34 casos de supergonorreia, mas acredita-se que essa seja apenas a ponta do iceberg, já que um portador da infecção pode não apresentar sintomas. Médicos temem que em breve seja impossível tratar a doença, que é transmitida sexualmente e pode levar à infertilidade. O surto começou em casais heterossexuais, mas agora é detectado também em homens gays. “Estávamos preocupados que ela poderia se espalhar entre homens que fazem sexo com outros homens”, diz o consultor médico especializado em saúde sexual Peter Greenhouse. “O problema é que (eles) tendem a disseminar infecções mais rapidamente, já que trocam de parceiros com maior frequência.”

Esse grupo também tem maior probabilidade de casos de gonorreia na garganta, onde é maior a chance de o organismo desenvolver resistência a antibióticos já que esses medicamentos são administrados em menor dosagem para infecções nessa área do corpo, que também está repleta de outras bactérias que podem ser resistentes a drogas. A gonorreia é causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, transmitida por sexo vaginal, oral e anal sem proteção e muito adaptável e resistente a antibióticos.

Por isso, duas drogas - azitromicina e ceftriaxona - são usadas conjuntamente. Mas, agora, a resistência à azitromicina está se espalhando, e médicos receiam ser uma questão de tempo até que o mesmo ocorra com a ceftriaxona.

Acredita-se que, entre os infectados, cerca de um a cada dez homens heterossexuais e mais de três quartos das mulheres e de homens gays não apresentem sintomas, que podem incluir uma secreção esverdeada ou amarela nos órgãos sexuais, dor ao urinar e sangramento. Se não for tratada, a infecção pode levar à infertilidade e à inflamação pélvica crônica, e ser transmitida para um bebê durante a gravidez.

Médicos britânicos de renome alertam que há um risco real de a gonorreia se tornar incurável. “Não podemos nos dar ao luxo de ser complacentes”, diz Gwenda Hughes, chefe para infecções sexualmente transmissíveis da Public Health England. “Se surgirem variedades de gonorreia resistentes tanto à azitromicina quanto à ceftriaxona, as opções de tratamento serão limitadas, já que não existe nenhum antibiótico disponível para tratar esse tipo de infecção.”

Ele pede que a população pratique sexo seguro para minimizar o risco de contágio. Também há uma campanha em curso para incentivar pessoas infectadas que alertem seus parceiros sexuais - após testes indicarem que 94% de parceiros estavam infectados. No entanto, a agência diz que os resultados dessa campanha foram “limitados”. A Associação Britânica de Saúde Sexual e HIV disse ser necessária uma reação rápida à infecção.

Sua presidente, Elizabeth Carlin, afirmou que a “disseminação da gonorreia altamente resistente à azitromicina é motivo de enorme preocupação e que é essencial tomar toda medida possível para impedir que se espalhe ainda mais”. “Falhar ao responder de forma adequada a isso ameaça nossa habilidade de tratar a gonorreia de forma eficaz e leva a uma deterioração da saúde de indivíduos e da sociedade como um todo.”

Porém, o consultor Peter Greenhouse diz que os serviços públicos de saúde sexual estão passando por seu “momento de maiores restrições” devido a um corte de recursos e que o surgimento da superbactéria se dá em meio às “condições de uma tempestade perfeita”.

Ao mesmo tempo, o governo britânico anunciou uma nova ferramenta para ajudar que clínicos gerais reduzam o número de antibióticos prescritos, ao comparar seus hábitos com os de outros especialistas. “Quero que antibióticos sejam prescritos somente quando forem necessários”, disse o secretário de Saúde, Jeremy Hunt.


Nota: Quando as autoridades e a população vão perceber que sexo seguro só existe um: no casamento entre um homem e uma mulher saudáveis e fiéis? A luta contra as DSTs vem sendo perdida dia após dia. Hoje existem 19 DSTs incuráveis e cerca de um quarto dos adolescentes sexualmente ativos já estão infectados! A única coisa que os governos e a mídia dizem é “use camisinha”, como se essa fina camada de látex fosse garantia de proteção contra todas as doenças. Não é. Pode-se pegar HPV mesmo usando preservativo. Mas ninguém tem coragem de discursar contra a licenciosidade reinante em nosso mundo, pois não quer parecer “retrógrado”, “careta”, “fundamentalista” até. Ao contrário disso, as novelas, as séries, os filmes, as músicas só glamourizam o sexo sem compromisso, a sexualidade libertina e a infidelidade. E os que embarcam nessa onda acabam pagando o preço, colhendo na própria carne as consequências de suas escolhas. Você precisa ler este texto e este também. [MB]