Morar sozinho em grandes cidades, como São Paulo, ficou mais difícil por causa do alto custo de vida. Por isso, uma alternativa que está se tornando uma tendência é a moradia compartilhada.
Na cozinha, o publicitário Obede Junior tem mais habilidade. Já a arrumação é com a relações públicas Loriane Moscatelli. Os dois parecem um casal, mas cada um tem seu quarto na casa. Em comum, apenas as contas e os cuidados com o cachorro.
Eles vivem em uma espécie de república, ainda que não chamem o lugar assim. Por R$ 1 mil, Obede tem tudo que precisava: “Acho justo. Aqui dá para ir de ônibus, pegar o transporte público tranquilo, tem muito acesso, tem o estádio do Palmeiras que eu sempre vou. “Eu acho tranquilo, bem legal”.
Esse jeito de morar tem se tornado comum em São Paulo, motivado também pelo preço. O aluguel de um apartamento de um quarto na Zona Leste quase triplicou em seis anos e teve um aumento de 164%. “Eu comecei a pesquisar apartamento para morar sozinha mesmo e pelo preço eu vi que não dava. Para gastar R$ 3 mil sozinha não ia dar”, relata Loriane.
As repúblicas de agora são diferentes das da época da faculdade. O público está mais velho, todo mundo trabalha, não vive mais na “pendura” e decidiu abrir mão da privacidade pela economia. “A gente gasta R$ 1,2 mil, R$ 1,3 mil com a casa, com tudo, aluguel, condomínio, conta de luz, internet, gás”, diz Loriane.
Em outro apartamento vivem três mulheres: Juliana, Edilene e Camila. Tudo é dividido entre elas: as contas, a limpeza e o único banheiro. “De manhã a gente tromba no banheiro, não tem jeito. As três acordam no mesmo horário e o banheiro está sempre com a porta aberta. Enquanto uma seca o cabelo, a outra toma banho e a outra vai ser maquiando”, conta a publicitária Juliana Tonelli.
A publicitária Edilene Silva é novata nesse jeito de morar, saiu da casa dos pais há um mês. Ela gasta R$ 850 para ter o próprio canto e nem precisou de avalista para isso: “Eu optei por morar em um lugar melhor, onde tivesse um condomínio com segurança”.
Na internet, as ofertas de quartos são muitas. Os preços variam de R$ 500 a R$ 1,8 mil. Juliana administra anúncios em uma página em uma rede social e já tem 51 mil membros. Gente que já entrou em roubada, mas que aprendeu a escolher a companhia certa e se diverte com a convivência.
“Eu, particularmente, gosto da convivência, ter outras pessoas em casa, chegar em casa e ter alguém para tomar uma cervejinha, bater um papo”, diz Juliana. “É gostoso chegar em casa e ver um filme, sair junto. Às vezes, a gente dá uma estranhada, mas vale a pena, tem mais coisas boas do que ruins”, completa Loriane.