
(Foto: Aluizio Freire/G1)
O transbordamento do rio que corta o município de São José do Vale do Rio Preto, na Região Serrana do Rio, deixou várias famílias isoladas, sem água, luz e sem poder se comunicar com parentes que no momento da tragédia estavam na outra margem. Cinco pontes foram destruídas pela violência da água.
Durante as chuvas intensas, não era possível nem mesmo acenar para o outro lado e dizer que estavam vivos. Na tarde de sábado (15), quando a chuva deu uma trégua, os moradores da região conseguiram um bote e, com cordas, puxavam a pequena embarcação para que algumas pessoas atravessassem o rio. No entanto, idosos, crianças e mulheres continuaram ilhadas.
Com a ajuda do bote, homens trabalham intensamente tentando fazer uma ponte de cordas e cabos de aço para improvisar a travessia das pessoas.
A situação era mais grave para pessoas doentes, que dependem de medicamentos controlados. “Andei durante duas horas pelo meio da mata até conseguir chegar em um lugar que pudesse atravessar e comprar remédios para o meu filho, de 20 anos, e minha mãe, de 77”, contou Selma Fátima Freitas, 49, mostrando os ferimentos e arranhões pelo corpo.

(Foto: Aluizio Freire/G1)
Pedro Moreira Câmara, 57, que trabalha em uma das granjas do local, ficou dois dias sem poder se comunicar com a filha, Leila Câmara, 35, que estava do outro lado, na localidade de Boa vista.
“Eu não sabia o que tinha acontecido com ela, se estava bem. Enquanto isso, ela também estava desesperada, querendo saber notícias minhas. Foram momentos de muito tormento, de agonia, muito sofrimento”, declarou. O alívio só veio na manhã de sábado, quando a filha apareceu do outro lado do rio, acenando e pedindo calma.
Na margem atingida pela força da água do rio, dois galpões de uma granja na localidade conhecida como Poço Fundo, onde estavam cerca de 12 mil frangos de corte, desapareceram, tragados pela correnteza. Apenas um galpão, com 10 mil aves – que os proprietários pretendem distribuir para outras vítimas das enchentes -, não foi derrubado. (Veja ao lado o vídeo com imagens da enxurrada)
“Não temos mais ração para manter esses frangos. E, se morrerem aqui, ninguém vai aguentar o mau cheiro, além do risco de transmissão de doenças. Por outro lado, sabemos que tem muita gente precisando de alimentos na cidade”, afirmou José Cláudio Rodrigues Duarte, 42, ao lado da mulher, dos filhos e outros parentes, ainda ilhados.