quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Hoje é Dia do Psicólogo - Conciliando Princípios Cristãos com a Psicologia

No dia 27 de agosto é comemorado no Brasil o Dia do Psicólogo. Nesta mesma data, no ano de 1964, a profissão foi regulamentada através da Lei 4.119/64.


Recebi um e-mail de uma jovem cristã adventista sobre o curso de psicologia. No e-mail ela explicou que tem dúvidas sobre como o curso pode conflitar com suas crenças religiosas, e me fez algumas perguntas. Sei que essa é uma dúvida de diversas outras pessoas cristãs (adventistas ou não), por isso, gostaria de compartilhar um pouquinho com vocês sobre o que é a psicologia e como estudar psicologia.

Para começar, é difícil falar em psicologia porque na verdade, o que existem são psicologias ou vertentes da psicologia. De acordo com cada uma dessas vertentes o objeto de estudo sofre alteração. Uma linha teórica se concentra em estudar a mente, outra se concentra no estudo do inconsciente, outra no estudo do comportamento… mas o que ocorre em geral é estudar o ser humano para além do organismo físico, sem esquecer o organismo físico.

Durante o curso, estudamos diversas matérias sobre o funcionamento do aparelho psíquico, sobre comportamento, personalidade, teorias específicas como psicanálise, gestalt, behaviorismo, psicologia social, psicologia evolucionista, etc.. além de matérias como antropologia, sociologia, filosofia, anatomia, fisiologia, neurofisiologia, estatística, e outras.

A psicologia é uma ciência, com as peculiaridades de uma ciência que estuda algo que não pode ser pegado e apalpado, mas que pode ser manipulado em laboratório, dependendo da linha teórica com a qual se trabalhe. Enquanto ciência, ela embasa seus postulados em pesquisas que buscam testar hipóteses acerca do funcionamento de diversos fenômenos humanos.

Uma das dúvidas que as pessoas geralmente têm em relação à psicologia é se ela não é fundamentada em princípios espíritas, principalmente por conta de teorias que se tornam populares através de mídias como filmes. A psicologia não se fundamenta em princípios religiosos, nem cristãos nem espíritas. Inclusive práticas religiosas não devem ser misturadas com psicologia (o psicólogo não pode usar suas crenças religiosas em nome da psicologia).

Algumas poucas teorias têm uma percepção do ser humano bem próxima da visão espírita de ser humano, e por conta disso suas práticas não são muito adequadas a psicólogos cristãos, mas estamos falando de teorias específicas, e não da psicologia como um todo. Ao longo do curso essas teorias são passadas de forma superficial. O aprofundamento fica por conta do aluno que se dispõe a estudar mais a fundo ou até mesmo fazer um curso de especialização.

Uma questão que é definitivamente presente no curso, mas que não é um privilégio da psicologia é o evolucionismo e a descrença em Deus. Muitos psicólogos, assim como cientistas de outras áreas, não acreditam em Deus e são evolucionistas. (É importante ressaltar que existem muitos evolucionistas cristãos também, que tentam misturar Deus com teorias da evolução).

A religião é criticada por alguns, analisada como fenômeno social por outros, e aderida por alguns outros psicólogos, por conta disso, discussões sobre ciência x religião podem ser muito comuns dentro de um ambiente acadêmico de psicologia. Contudo, é possível sobreviver a estas discussões e inclusive sair enriquecido das mesmas!

O que é importante frisar é que as dificuldades que um cristão pode encontrar num curso de psicologia são as mesmas que ele pode encontrar em outros cursos, pois ela é uma ciência e trará questões comuns à ciência.

Um fator que na minha visão é peculiar à psicologia é a necessidade que o aluno de psicologia e o profissional psicólogo tem de se afastar de julgamentos morais e preconceitos ao lidar com as pessoas. Isso pode ser bom ou ruim, dependendo da maturidade que a pessoa tenha para lidar com isso. Creio que é bom, pois nos ajuda a olhar para as pessoas sem preconceito, aceitando-as como são para então podermos ajudá-las de alguma forma. Por outro lado, muitos correm o risco de aceitar e ser coniventes com todo o tipo de prática, tornando um respeito às diferenças em liberalismo.

Me formei em uma Universidade Federal, sendo aluna de professores (em sua maioria) ateus, onde hoje curso o Mestrado em Psicologia e neste semestre ministro aulas de uma disciplina relacionada a minha linha de trabalho. As dificuldades que tive ao longo do curso se resumem em preconceito e perseguição de outros evangélicos ou ex-adventistas. Nunca fui criticada por meus amigos ateus, católicos e espíritas, mas tive momentos desagradáveis com alguns grandes amigos batistas e com um ex-adventista (este último não poupava as zombações).

O psicólogo pode atuar em diversas áreas, como por exemplo, consultório, consultoria organizacional (para empresas, escolas, etc..), RH, psicologia jurídica, psicologia hospitalar, psicologia escolar, pode fazer parte de equipes que atuam em catástrofes, pode seguir carreira acadêmica, trabalhar exclusivamente com pesquisas. As possibilidades são diversas, e os conflitos bastante semelhantes aos de outros profissionais.

A fidelidade a Deus nos é provada sempre, independente de sermos ou não psicólogos. Vivemos para testemunhar de Deus, e onde quer que estivermos isso será exigido de nós!

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