quinta-feira, março 26, 2015

Padre aprova uso da força contra fundamentalistas

Padre Micael Carlos
O embaixador do Vaticano nas Nações Unidas aprova uma ação militar contra o movimento Estado Islâmico no Iraque e na Síria, uma posição incomum, pois tradicionalmente o Vaticano opõe-se ao uso da força. Durante uma entrevista ao site católico norte-americano Crux, Silvano Tomasi disse que os combatentes do Estado Islâmico estão cometendo atrocidades numa escala enorme e que o mundo tem de intervir. “Temos de parar esse tipo de genocídio, de outro modo iremos questionar no futuro por que não fizemos alguma coisa; por que permitimos que acontecesse tal tragédia”, defendeu o arcebispo italiano. Silvano Tomasi referiu ser necessária uma “coligação bem pensada” para fazer tudo o que for possível para conseguir uma decisão política sem violência. “Mas, se isso não for possível, então o uso de força será necessário”, acrescentou. O papa Francisco já denunciou a “intolerável brutalidade” infligida aos cristãos e outras minorias no Iraque e na Síria pelos militantes do movimento Estado Islâmico.

De acordo com o líder da Igreja São José de Coxim, padre Micael Carlos Andrejzwski, a igreja sempre foi a favor da paz, sempre pregou a paz. Para ele, um claro exemplo é a vida do papa Pio XII. Na II Guerra Mundial, o papa foi colocado como um dos que apoiou o nazismo, mas, contrariando essa acusação, ele afirma que o papa apenas se protegeu e ainda defendeu muitos judeus dentro das igrejas na Europa, principalmente na Itália, no Vaticano. Com isso, a conclusão a que ele chega é de que precisamos nos proteger e não apenas assistir essas atrocidades.

O catecismo da igreja católica, se analisado ao pé da letra, aprova a pena de morte. Então todo o cidadão tem o direito de se defender. Em primeiro lugar vem a paz; somos contra qualquer tipo de violência, mas o ser humano tem o direito de defesa. Quem vai permitir que alguém entre na sua casa, te roube, te assalte, faça mal para a sua família? Todos têm o direito de se defender. Quando vemos as cenas que eles gravam e apresentam para as redes de televisão e redes sociais, nos deparamos com cenas de brutalidade, de horror. Se nos colocarmos no lugar das famílias dos que estão sendo mortos já é difícil, mas imagina se fosse teu irmão, teu esposo, ou outro ente que estava sendo assassinado ali; isso cria uma grande revolta”, comparou o padre.

Micael acredita que nesses casos é preciso que haja uma ação para banir essa situação, pois não é uma ação em favor da vida. A igreja sempre diz que mais abelhas se atraem com uma gota de mel do que com um barril de vinagre, quando falamos a respeito da paz, mas, em contrapartida, precisamos nos defender.

“Visitei Israel recentemente e pude conhecer seu exército. Lá está localizado o melhor exército do mundo, e eles são preparados, precavidos. Com oito milhões de habitantes, entre mulçumanos, judeus e cristãos, eles são os mais treinados do mundo para se defender. Se quisessem acabar com a Faixa de Gaza já teriam feito, em três dias estaria tudo dizimado se agissem com violência. Mas apenas se defendem. Para tomar a Síria, Jordânia e o Egito levariam cinco a sete dias, conforme informações que obtive com militares durante visita. Porém, buscam esse conhecimento, esse preparo apenas para se defender. Nós, como igreja, somos assim, procuramos a paz, caso contrário, apenas nos defendemos”, relatou o padre.

Para exemplificar, o padre ainda declarou que “se houver uma onda de violência em Coxim e começarem a decapitar pessoas, nós, como Igreja, não poderemos cruzar os braços e dizer que somos da paz, nem podemos negociar com essas pessoas. Conversamos com quem escuta e tem a capacidade de dialogar, caso contrário, tem, sim, que usar a força, e se precisar a Igreja vai usar”. Micael finalizou dizendo que não vê nada assustador na declaração do papa ou do embaixador, mas que banir a violência é um dever de todos, inclusive da Igreja. 


Nota: Releia os trechos grifados acima, leia isto e isto, e tire suas conclusões. [MB]