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A Autoria Mosaica do Pentateuco - Evidências Internas.


O Pentateuco, coleção de cinco livros do Antigo Testamento (AT), entre outros assuntos, narra a origem do ser humano, a história dos patriarcas e as Leis ministradas por Moisés, a quem se atribuiu por anos, a sua autoria. Uma dúvida quanto a essa questão surge a partir de pesquisas de eruditos que estudaram o Pentateuco a partir do século XIX, e entre eles, destacam-se Graf & Wellhausen, com sua teoria conhecida nos círculos teológicos como a Hipótese Documental. Segundo essa teoria, o Pentateuco jamais teria origem em um profeta histórico Moisés. Ele teria de fato se originado de vários documentos, sendo confeccionado como uma colcha de retalhos a partir de uma variedade de lendas e tradições judaicas, estabelecendo a data mais antiga para estes, o século VIII a.C, no período anterior ao exílio babilônico. Essa leitura da Bíblia segue a proposta da escola crítica liberal, denominada histórico-crítica.

Oposto ao método de abordagem chamado gramático-histórico, cuja preocupação é a busca da compreensão do texto bíblico  tal como ele se apresenta, levando em conta seu sentido para o autor  entendido como inspirado por Deus, dentro da abordagem teológica  liberal a visão da inspiração divina fica suprimida. Além disso, a pessoa histórica de Moisés é desacreditada e ele se torna um mito. Para muitos, essa abordagem do Pentateuco segundo a Hipótese Documental se apresenta  como a única leitura adequada.

Como consequência, hoje, tanto na mídia falada quanto escrita, que ao mais das vezes pouco ou nada têm a ver com o estudo teológico sério,  é bem fácil notarmos aquilo que um certo escritor sabiamente descreveu: "muitos fazem poesia, pensando em teologia". Quantas vezes, biólogos e geólogos e outros se aventuram nos temas da Bíblia como se fossem autoridades, apenas para reforçar seus pressupostos anti-bíblicos? Essas variadas abordagens liberais são publicadas em sites de consulta e livros teológicos de  críticos da religião judaico-cristã, levando-me a pensar se não seria útil mais de uma vez, a confecção de estudos básicos do tema, à luz da abordagem "gramático-histórica", de forma mais acessível aos inexperientes.

Muitas dificuldades têm surgido a partir deste debate que se arrasta durante anos. Porém, devido a um sem-número de descobertas arqueológicas ocorridas no Oriente Médio, muitos que eram céticos em sua posição quanto a autoria mosaica do Pentateuco têm capitulado diante da velha argumentação. Mas aqui não propomos um longo debate acerca do tema. O objetivo deste ensaio é tão somente apresentar certos argumentos a favor da autoria mosaica do Pentateuco bem como acerca dos riscos da rejeição desta teoria, logo a partir das evidências internas, ou seja, da própria Bíblia.

A relevância do assunto é que possivelmente enquanto estudam acerca de temas bíblicos, como a origem do homem e sobre a ética social, sexualidade, matrimônio, etc... alguns estudantes das Escrituras de pouca ou nenhuma experiência teológica são levados a descrer na inspiração, historicidade e validação do texto bíblico para o debate destes temas. Desse modo, este estudo básico é direcionado especialmente a esse grupo.



I. Quanto à Autoria de Moisés:


Em primeiro lugar, vejamos as evidências internas que reforçam a proposta de que houve um homem histórico participante da narrativa do êxodo e dos principais eventos do Pentateuco.

1. Embora não se afirme no próprio Pentateuco que Moisés o tenha escrito em sua totalidade, outros livros o citam como obra deste (cf. Js 1: 7-8; 23: 6; 1Re 2:3; 2Re14:6; Es 3:2; 6:18; Ne 8:1; Dn 9:11-13). Certas partes importantes do próprio conjunto são atribuídas a ele (cf. Ex 17:14; Dt 31: 24-26). Autores do NT concordam com a autoria Mosaica e chamam os livros de “ a Lei de Moisés” (At 13:39; 15: 5; Hb 10:28). O próprio Cristo dá testemunho de que Moisés é o seu autor (cf. Jo 5: 46; Lc 16:31; Mc 7: 10; Mt 19: 8).

2. Pelas evidências internas do Pentateuco e do seu texto, somos levados à conclusão de que o autor teria residido no Egito e não na Palestina, e que era testemunha ocular do êxodo e dos eventos narrados ali; e que possuía altíssimo grau de educação, cultura perícia literária. Ninguém há como Moisés que preencha essas qualificações.

3. Em certos detalhes dá número exato de fontes e palmeiras (Ex 15: 27), destaca o sabor do maná (Nm 11: 7,8). Conhece profundamente o Egito, como se espera de alguém que tenha participado do êxodo, e utiliza a maior porcentagem de palavras egípcias do que qualquer outro autor do AT. Garrow Duncan, em New Ligth on Hebrew Origins (1936), reconhece que o autor conhecia a língua, os costumes, as crenças, a vida na corte, a etiqueta e hábitos dos oficiais e dos egípcios, e que também os seus leitores originais devem ter tido esta mesma familiaridade com os assuntos egípcios.

4. Usa-se a maior porcentagem de palavras e termos Egípcios do que em qualquer outra parte da Bíblia. O autor demonstra pontos de vista consistentemente estrangeiros ou extra-Palestinos quanto a Canaã: a) estações e tempos citados são egípcios (Ex 9: 31-32); b) flora e fauna são egípcios. São próprios dos mares adjacentes e perto do Sinai (Exemplo: os texugos e animais marinhos de Ex 25: 5; 36: 19) e desconhecidos na Palestina. Alguns dos animais puros e impuros de Lv 11 são exclusivos do Sinai e nenhum exclusivo da Palestina.

5. O autor mostra conhecimento da geografia do Egito e do Sinai e revela desconhecimento da Palestina como ao narrar Gn 13 e explicando quanto a verdura da terra próximo ao Jordão, compara-a com a terra do Egito: “...como quem vai para Zoar...” (v 10). Isto não seria preciso se fosse um material pós-exílico, pois os israelitas teriam passado cerca de nove séculos em Canaã.

6. Em Gênesis há referências a costumes arcaicos cuja existência pode ser demonstrada para o período do segundo milênio a.C., como por exemplo, o costume de gerar filhos através de servas, ou a necessidade de se possuir os terafins do lar como se menciona no caso de Raquel em Gn 31, para reivindicação da herança.


II. Quanto às Qualificações de Moisés


Quais pontos reforçam as qualificações de um homem do perfil de Moisés como sendo adequado para a escrita do Pentateuco?

1. Possuía riqueza da Lei oral e educação que havia na Mesopotâmia de sua época, uma vez que foi educado no palácio do maior e mais desenvolvido reino de seus dias.

2. Dos seus antepassados, teve conhecimento da tradição oral e da carreira dos patriarcas bem como das revelações que Deus lhes fizera.

3. Conhecimento pessoal do clima, da agricultura e da geografia do Egito e da Península do Sinai, como demonstra o autor do Pentateuco.

4. Teria bastante incentivo para a produção desta obra monumental, sendo que era fundador da comunidade de Israel.

5. Certo que teve bastante tempo (40 anos) para registrar uma obra monumental como esta. Era próprio para os egípcios o uso da escrita até em objetos de toucador. Seria impossível Moisés deixar de registrar uma única palavra, quando até os trabalhadores nas Minas egípcias retratavam seus assuntos.



III. Implicações teológicas da negação da autoria mosaica do Pentateuco.


Finalmente, quais seriam as implicações da negação das propostas tradicionais acerca do Pentateuco? Haveriam danos na aceitação dessas propostas?

1. Sabe-se que o próprio Cristo confirmou a autoria mosaica do Pentateuco. Ele afirma: “o próprio Moisés escreveu a meu respeito. Se crêsseis em Moisés, creriam em minhas palavras” (Jo 5: 46, 47). Paulo também escreve: “Ora, Moisés escreveu que aquele que praticar a justiça viverá por ela...” (Rm 10: 5).

2. Ora, se os Apóstolos e o próprio Cristo estavam enganados ou colaboravam para o engano em aspectos essenciais da fé de Seu povo, como a crença no que Moisés dEle havia escrito para confirmação da fé em Sua doutrina, então nega-se a autoridade dos evangelhos, dos Apóstolos e do próprio Cristo.

3. As doutrinas cardeais do Cristianismo têm sua razão a partir das narrativas de Gn 1-11. A  origem da humanidade, do matrimônio e do Sábado, a verdade acerca do pecado e a queda da humanidade, as razões para o sofrimento no mundo, a promessa de redenção e sua realização em Cristo, o propósito original da vida humana - tudo desfalece face `a argumentação de que o Pentateuco nada mais é que uma coleção de lendas e histórias coletadas por uma série de historiadores e organizadas por um redator alheio aos acontecimentos narrados ali. Há maior consistência na proposta de que ele veio como uma revelação de Deus a Seu profeta, que caminhou com Ele e guiou Seu povo escolhido.


Conclusão


Como se afirmou no início, este é um estudo básico. Mas o que se conclui é que há razões de sobra para que se afirme a ideia de que o Pentateuco teria se originado do profeta histórico Moisés. Detalhes visíveis no próprio texto desafiam outra posição. Além do mais, para os cristão ortodoxos, que acreditam na inspiração das Escrituras, negar esta verdade seria negar a verdade acerca de todo o fundamento do Cristianismo. Assim, cremos ser mais adequada a compreensão de que Moisés foi de fato o redator. - [Por Claudio Sampaio].

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

ARCHER, Gleason. Enciclopédia de dificuldades bíblicas.Vida. São Paulo,1997.

_____. Merece confiança o Antigo Testamento? Vida. São Paulo, 1999.

HOFF, Paul. O Pentateuco. Vida. São Paulo, 1999.



Cite a fonte = http://pastorclaudiosampaio.blogspot.com

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