terça-feira, julho 29, 2014

Deus criou a vida? Pergunte à célula!

Sofisticação e design inteligente
Todos os seres vivos são constituídos por células. Essa foi uma das primeiras generalizações feitas no estudo da vida. Como afirmou o biologista celular E. B. Wilson, “a chave para qualquer problema biológico tem que ser procurada, em última instância, na célula; pois todo o organismo vivo é, ou já foi um dia, uma célula”. Parafraseando Dobzhansky, poderíamos dizer que nada nos seres vivos faz sentido, a não ser à luz da Biologia Celular! Mas do que são formadas essas maravilhas microscópicas? As células são didaticamente divididas em três partes principais: membrana, citoplasma e núcleo. A membrana é uma película constituída por lipídios e proteínas que realiza a importante função da permeabilidade seletiva, ou seja, permite a entrada e saída de elementos necessários à sobrevivência da célula. Para isso, a dupla camada de lipídios que a constitui precisa ser penetrada por canais altamente seletivos formados por proteínas, as quais permitem que substâncias específicas sejam importadas ou exportadas da célula. Ou seja, a membrana lipídica sem suas proteínas e canais só permitiria que a água entrasse na célula, mantendo os nutrientes fora dela. Nesse sentido, os lipídios sem as proteínas para atuar conjuntamente, não podem formar um ser vivo, por mais simples que seja, fato que constitui uma evidência importante de que a arquitetura celular foi cuidadosamente planejada para o funcionamento adequado de toda a estrutura.

No entanto, experimentos desenvolvidos por cientistas evolucionistas sugerem a hipótese de que as membranas lipídicas precederam o DNA ou a síntese proteica. Em termos químicos, toda substância orgânica apresenta uma tendência à dissolução espontânea muito maior do que à montagem espontânea; ou seja, esses protótipos lipídicos, ou mesmo proteicos, se invertêssemos a ordem de surgimento, se degradariam ao invés de se transformar em substâncias mais complexas, haja vista que as condições da atmosfera primitiva descritas pelos evolucionistas eram extremamente inóspitas e hostis.

Em 1996, o Dr. Michael J. Behe, professor de bioquímica na Universidade de Lehigh na Pensilvânia, publicou um livro desafiador para a evolução darwiniana clássica, intitulado A Caixa Preta de Darwin. Nesse livro, ele usa uma estrutura presente na membrana de células bacterianas para introduzir o conceito de “complexidade irredutível”: o flagelo. O autor afirma: “Se um sistema requer várias partes estreitamente condizentes para funcionar, então ele é irredutivelmente complexo e podemos concluir que foi produzido como uma unidade integrada.” E conclui afirmando que todas as partes de um flagelo bacteriano definitivamente precisavam estar presentes desde o princípio, a fim de que ele pudesse funcionar adequadamente, caso contrário, ele não funcionaria.

Assim como a estrutura da membrana descrita anteriormente, esse é só um pequeno exemplo do que Michael já havia concluído: as células são complexos irredutíveis, elas não poderiam ter evoluído por meio da seleção natural, simplesmente porque não funcionariam sem todas as suas partes. Ademais, segundo a teoria da evolução, qualquer componente que não oferece uma vantagem para o organismo, ou seja, não funciona, será perdido ou descartado. Como motores moleculares, bombas proteicas, flagelos e tantas outras estruturas celulares poderiam ter evoluído em um processo gradual, conforme exigido pela evolução darwiniana clássica? Sem dúvida a resposta a essa questão é um obstáculo para os evolucionistas.

O que dizer então do DNA? Essa partitura – que toca silenciosamente a música de cada ser vivo existente e carrega consigo nosso “código genético”– pode sofrer algumas alterações que, se expressas, modificam o fenótipo (aparência) do ser vivo. Essas alterações são chamadas de mutação. A evolução ensina que mutações são as principais responsáveis pela diversidade das espécies; no entanto, a genética prova que as mutações podem ser neutras e praticamente a totalidade delas é nociva, tendendo a eliminar o organismo vivo. Câncer e todas as doenças genéticas baseadas em mutações nos mostram claramente o que acontece quando nosso DNA é mutado: perda de informação genética e defeitos hereditários.

Além disso, análises matemáticas demonstram que as chances de se conseguir duas mutações que são relacionadas entre si é o produto das probabilidades separadas: uma em cada 107 x 107, ou seja, 1014. E duas mutações são certamente insuficientes para transformar uma espécie pluricelular em outra, ou mesmo produzir uma estrutura nova, como um pulmão para que os peixes saíssem da água. Então quais são as chances de acontecerem três mutações relacionadas de uma só vez? Uma em um bilhão de trilhões (1021). Os mares e oceanos não são grandes o suficiente para conter tantas bactérias para que você ache uma com três mutações simultâneas e relacionadas entre si. O que dizer de peixes com quatro mutações relacionadas? Uma em 1028. Mesmo assim a evolução usa o seguinte argumento: tempo e milhares de tentativas. Certo, e onde estão as evidências desses milhares de tentativas? Por que não encontramos peixes com variações no aparelho respiratório ou quaisquer outros seres vivos em quantidades expressivas?

Vale ressaltar que a maioria das pesquisas realizadas para estudo das mutações, de modo a justificar a evolução, utiliza microrganismos como material biológico. Entretanto, em se tratando de organismos unicelulares, uma única mutação pode alterar bastante o fenótipo e contribuir para modificação da espécie. Nesses seres a probabilidade de que uma mutação seja neutra é muito menor. No entanto, extrapolar esses resultados e admitir que um organismo unicelular se desenvolvesse em um pluricelular com sucessivas mutações, e a partir desse ancestral comum todos os outros surgissem, é negar os fatos. Não existem comprovações para essa hipótese e as probabilidades para que esse relato aconteça são mínimas, como já descrito acima.

E ainda que as pesquisas mencionadas sejam utilizadas como comprovação da chamada “microevolução” (evolução de microrganismos), mesmo em seres unicelulares não se observa aumento da informação genética, como relatado pelo biofísico Dr. Lee Spetner em seu livro Not by Chance: Shattering the Modern Theory of Evolution (Não por acaso: quebrando a moderna teoria da evolução). Na obra, o autor analisou exemplos de mutações nos quais evolucionistas alegaram ter havido aumento na informação genética, e demonstrou que eles eram apenas exemplos de perda de especificidade, o que na verdade significa perda de informação: “Em toda a leitura que fiz na literatura de ciências biológicas, eu nunca encontrei uma mutação que tenha acrescentado informação. [...] Todas as mutações pontuais que têm sido estudadas no nível molecular acabam por reduzir a informação genética e não aumentá-la.”

O bioquímico inglês G. A. Kerkut, autor do livro As Implicações da Evolução, admitiu que a evidência que apoia a teoria da macroevolução não é forte o bastante para nos permitir considerá-la mais do que uma hipótese funcional. Henry Quastler, em seu livro The Emergence of Biological Organization (O surgimento da organização biológica), conclui: A probabilidade de que a vida tenha se originado por acaso [...] é, pois, de 10-255. A pequenez desse número significa que é virtualmente impossível que a vida tenha se originado por uma associação aleatória de moléculas. A proposição de que uma estrutura viva tenha surgido por um único acontecimento por meio de uma associação de moléculas ao acaso deve ser rechaçada.”

E com números tão contrários, mesmo Richard Dawkins é obrigado a afirmar: “Quanto mais estatisticamente improvável é uma coisa, mais nos custa crer que ocorreu por acaso cego. Superficialmente, a alternativa óbvia para o acaso é a existência de um Desenhista Inteligente” (The Necessity of Darwinism [A necessidade do darwinismo]).

A conhecida frase de Jerry Coyne, do Departamento de Ecologia e Evolução da Universidade de Chicago, permanece tão verdadeira quanto no dia em que foi pronunciada: “Concluímos – inesperadamente – que há poucas provas que sustentam a teoria neodarwiniana: seus alicerces teóricos são fracos, assim como as evidências experimentais que a apoiam.”

Apesar de números tão inviáveis, apesar de diversas leis contra o que a hipótese evolucionista propõe, ainda se prega em escolas e universidades a teoria como verdade estabelecida. E os criacionistas continuam a se perguntar: Por que questionam minha fé, se defendem os dogmas de Darwin com maior veemência? Por que mencionam a autoridade sacerdotal sobre os cegos fiéis, se tratam cientistas e professores acadêmicos de igual modo ou com ainda maior autoridade? Enquanto ninguém responde a essas perguntas, nas universidades são “queimados como hereges” os biólogos que se atrevem a dizer em alto e bom som: sou criacionista.

Na “bolha especulativa” que envolve o estudo das origens sobra arrogância e falta estudo profundo e discernimento. Infelizmente, muitas vezes vale mais o discurso de autoridade do que o estudo e a busca individual por respostas a questões transcendentais. Como cientistas ou apenas curiosos a respeito das origens, devemos ser humildes com relação ao nosso conhecimento do mundo e reconhecer que mesmo a ciência possui suas limitações. Como já apontou Peter Medawar, um imunologista de Oxford ganhador do prêmio Nobel, “há questões transcendentais que a ciência não pode responder, e que nenhum avanço concebível a autorizaria a responder, são elas: ‘De que maneira tudo começou? Para que estamos todos aqui? Qual o sentido da vida?’”

Por fim, parece inacreditável sugerir que a sofisticação das células e, consequentemente, dos seres vivos seja resultado de acaso, tempo e mutações genéticas. A única conclusão a que podemos chegar é de que essas máquinas fantásticas não são resultado da aleatoriedade; elas revelam a fina sofisticação que emana da mente de um Criador sábio e amoroso. “Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, Seu eterno poder e Sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis; porque, tendo conhecido a Deus, não O glorificaram como Deus, nem Lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e o coração insensato deles obscureceu-se. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos” (Romanos 1:20-22).

(Mayara Lustosa de Oliveira é graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Goiás, mestre em Biologia Celular e Estrutural pela Unicamp e doutoranda em Biologia Celular e Estrutural)