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Idolatria Moderna na Religião, Cultura Pop, Futebol e Coisas Afins.


I.


Que loucuras os fãs são capazes de fazer pelos seus ídolos? Gostaria de expor uma pequena lista, antes de expor o sentido daquilo que eu entendo como "idolatria moderna" e de como afeta a experiência dos crentes modernos.

1. A artista Jessie J ficou apavorada depois de um fã transtornado quebrar sua própria perna apenas com a finalidade de se parecer com a cantora, que havia quebrado a perna acidentalmente. O fã de Jessie teria bombardeado-a com mensagens de texto, incluindo: “Eu vou fazer de tudo para ser como você”.

2. Um Filipino chamado Herbert Chavez alterou radicalmente sua aparência para parecer com o Superman, das HQs. Em sua busca para imitar o seu super-herói favorito, ele foi submetido a uma série de procedimentos que vão desde o aumento do queixo até implantes na coxa. Herbert entra na faca desde 1995 para alcançar a transformação. Ele admitiu os seguintes procedimentos projetados para fazê-lo parecer mais com Superman: a) o aumento do queixo, ) rinoplastia para transformar seu nariz asiático em um mais parecida com o do ator Christopher Reeve,) injeções de silicone nos lábios para torná-los mais cheios e mais grossos, ) e implantes na coxa para fazer suas pernas parecem mais musculosas.

3. Emma Philips, uma garota de 16 anos, da Nova Zelândia, teve a chance de conhecer Justin Bieber nos bastidores de um estúdio de TV. Bieber tomou um gole de uma água com gás que estava no estúdio e não gostou, Emma pegou a garrafa e postou em um site de compras popular chamado TradeMe. A garrafa foi vendida por 624 dólares aos pais de um fã doido de Bieber.
Estes são apenas poucos exemplos de como uma admiração levada ao exagero pode se tornar uma devoção desgovernada. Teriam estes exemplos algo a ver com o tema da idolatria?

II.

De acordo com dicionários, o termo "idolatria" significa "amor excessivo", "apego" ou "veneração" a algum ser ou objeto. Numa associação da palavra com o texto bíblico de Êxodo 20:1-6 e do Salmo 115, muitos têm limitado esse termo apenas ao ato de prostração diante de imagens de escultura, em ambientes de culto ou a apreciação das mesmas, com intenção de adoração. Todavia, quando analisado em seu sentido pleno, a palavra ganha uma maior dimensão. E na presente reflexão, gostaria de expressar de forma sucinta a evidência de que a idolatria ganha novos contornos e ainda se torna um fato presente em nossa cultura, afetando possivelmente até mesmo aqueles que defendem a exclusividade de culto para o Criador.

Uma rápida leitura do antigo Testamento (AT) revela que o pecado da idolatria foi um dos motivos dos constantes embates entre o SENHOR e a comunidade de Israel. Considerando que o apego a deuses falsos levava sempre a comunidade a uma má compreensão da Divindade e por colaborar para a degradação do culto e da vida social, o SENHOR foi incisivo a o exigir uma exclusividade de culto. Ao proclamar sua Lei no Sinai, Ele declarou sua exigência de uma adoração exclusiva, que incluía o devido respeito à Sua pessoa, bem como a dedicação de uma parcela do tempo humano para um culto exclusivo a Ele. Isto se nota a partir de uma leitura dos quatro primeiros  mandamentos da Lei (Êxodo 20:1-11). Jesus também confirmou que o primeiro conteúdo da Lei (Torah) é o amor ardente e exclusivo para com o SENHOR (Mateus 22:37-38).

No Novo Testamento, os apóstolos também  tiveram embates com a idolatria de seus dias. Em Atos, há pelo menos três ocasiões em que Paulo enfrentou essa realidade no mundo gentio: em Listra (14:8-18), em Atenas (17:16-31) e em Éfeso (19:23-41), sendo que nesta última, chegou a ser apedrejado pela multidão de adeptos da deusa Diana. Ele também elogiou os tessalonicenses pelo fato de que sua conversão foi marcada pelo abandono dos ídolos a fim de servirem ao Deus vivo (1Tessalonicenses 1:9). Mas sabiamente, Paulo esclareceu a igreja de que a idolatria tem seus meandros, suas armadilhas, podendo até mesmo arrebatar um crente devoto. Aplicando por exemplo, o termo ao mau uso do dinheiro, Paulo disse que o amor excessivo a este objeto pode conduzir o povo de Deus a uma situação de idolatria (1Timóteo 6:9-10; Efésios 3:5, Colossenses 5:5; 1Co 10:14). Pela lógica, essa ideia pode ser aplicada a todas as áreas da vida.


Estudos recentes revelam que a prática da idolatria pode se manifestar até mesmo para com a Bíblia, quando se promove uma divinização das Escrituras, a qual acaba tomando o lugar da afeição a Deus e Cristo, na devoção. Ou seja, pode-se ter um amor tão desequilibrado pela Bíblia, que esta, ao invés de ser um objeto utilizado para reforçar a comunhão e o conhecimento de Deus, acaba se  tornando uma arma de guerra, utilizada apenas para defender conceitos e opiniões religiosas e uma postura religiosa própria. Deus , assim, se torna apenas um elemento secundário no amor pelas Escrituras, de modo que até mesmo elas podem cegar o crente para uma devoção verdadeira para com Deus. Digo isso porque há, desde muito tempo, especialmente no campo da Apologia, uma guerra travada em nome da Bíblia que muitas vezes obscureceu uma correta visão de Deus, de modo mais explícito, nos tempos da impostura do Fundamentalismo cristão, na década de '20, no século passado.

IV.


Dessa maneira, um leitor desapercebido das Escrituras tenderá a olhar para o mal da idolatria apenas em relação com o uso de imagens feitas de madeira, de  pedra, de metal ou de barro, como exposto no Salmo 115. Porém, aqui, gostaria de avançar no tema e alertar que a idolatria mais terrível é aquela que se manifesta nos domínios de nossas afeições e de nosso pensamento por meio de nossos sentidos. Considerando isto, há tanto pessoas que cultuam a si mesmas (egolatria), quanto há aqueles que cultuam os personagens influentes de sua cultura. Podemos afirmar que se um dos grandes trunfos da cultura moderna foi derrocada dos mitos, ela conseguiu, por outro lado, elevar o ser humano à categoria de um deus. Desse modo, é o ser humano de hoje, com sua visão decaída, que tem erguido seus variados objetos de culto.

Em um de seus sermões, o Pastor Suárez afirmou que uma das razões pelas quais o SENHOR se preocupou com a questão do culto exclusivo é que neste ponto, o coração humano é insaciável. Há uma sede de adorar em cada pessoa, e isso é parte da constituição humana. Fomos criados para isso. A grande questão não é  "deve-se adorar?", mas sim "a quem adorar?". E uma vez que qualquer objeto seja colocado no ambiente de devoção em direto conflito com o SENHOR, outros virão após este e tomarão o Seu lugar de direito. E em pouco tempo, o SENHOR se torna apenas "mais um" entre tantos, na longa lista de afeições de pretensos cristãos. Percebe-se isto no fenômeno pós-moderno: Deus está presente, mas não governa nada e nem declara nada. É um Deus passivo, submisso aos desejos e vontades humanas que superlotam o coração do homem, governado pelo discurso dos deuses levantados pela cultura profana na qual se encontra inserido.
 

V.


Um dos maiores desafios do cristão diante da idolatria moderna se percebe no campo da cultura pop. Os atores de Cinema e da TV; as personalidades do mundo da música, dos esportes e da moda de modo geral foram desde muito, elevados à categoria de pequenos "deuses". A própria mídia, quando constata uma certa devoção das massas em torno de uma personagem, passa a chama-la de "ícone" ou mesmo "ídolo". Embora a maioria destes pequenos "deuses" mais se assemelhe em caráter aos deuses gregos do Olimpo, em sua conduta desregrada e mundana,  ao serem promovidos pela mídia, logo se tornam o objeto de contemplação e devoção das massas, influenciando o comportamento e estilo de vida. 


O mundo do marketing se apercebeu do poder de influência destas personalidades. Pagam altos cachês para recomendar um calçado, uma bebida, um veículo, uma roupa, um canal de TV ou uma operadora de celular. Algumas vezes isso ocorre instantaneamente. O fenômeno Neymar é um caso explícito. O corte de cabelo estilo moicano, usado pelos punks como uma marca de rebeldia, na promoção da ideologia anarquista na Inglaterra, ao ser usado pelo jogador, tomou proporção nacional, sem que ninguém se desse conta do ridículo, em relação à estética! O curioso é que, assim como o Neymar, grande parte dos ídolos da cultura pop são problemáticos, alguns são dependentes de drogas, dados à intemperança, a grande maioria é composta de depravados sexualmente, amorais, arrogantes, irreverentes, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus, numa ligação direta para com a lista de 1Timóteo 3:1-5. Mas quem se importa, quando o coração não está preenchido pela presença de Deus pelos valores do Seu Reino?

VI.


O mais explícito exemplo de idolatria moderna pode bem ser exemplificado com Copa do Mundo de Futebol, que ora acontece no Brasil. Tem sido o centro de todas as reflexões e de todos os interesses. Tudo pára, em função do jogo, e tudo se movimenta é torno dele. E considerando tantas questões urgentes e voltadas para interesses maiores do Reino de Deus, eu me pergunto o que levaria uma pessoa em são juízo a viajar longas romarias rumo aos suntuosos templos-estádios, gastando altas somas de dinheiro, arriscando-se a acidentes e violência de todo tipo, apenas para usufruir de duas horas na contemplação de uma disputa de bola? No fundo, o que move o coração dos amantes do futebol na compra das camisetas estampadas com nomes de ídolos, no investimento de altas somas, arriscando até mesmo sua segurança pessoal é a satisfação de declarar sua admiração e de contemplar mais de perto o desempenho de seus ídolos.

Para aqueles que pregam a validade da santa Lei de Deus,  a questão da adoração em torno do assunto torna a discussão ainda mais complicada. Em se tratando da santidade do mandamento do sábado especificado na primeira lista dos mandamentos que tratam do amor a Deus, que pede um tempo exclusivo para culto exclusivo, como isso poderia se harmonizar com o culto aos astros da bola no mesmo período de tempo? É fato evidente que muitos fracassaram nesse quesito da adoração, o que se torna um dos mais claros exemplos de nossa fragilidade diante dos apelos da idolatria moderna.

VII.



Neste ponto sei que não serei compreendido por muitos. Não sou contrário a quem assista a um jogo de futebol no reduto de sua casa, sem arroubos emocionais e sem paixão excessiva. O problema está na devoção mal dirigida que leva a investimentos emocionais, financeiros e espirituais que poderiam ser melhor canalizados para o bem estar próprio, de outros e para o progresso do Reino de Deus. Contrário a isso, apenas promovemos com mais vigor o reino dos homens, governado pelas ideologias das trevas.


Bem recentemente, ao questionar acerca dos frutos da devoção extrema no ambiente da Copa, percebidos no desgaste emocional e na percepção dos danos à consciência causados pelo ato da transgressão, fui hostilizado em rede social. E só este ato revelou a correta relação das coisas: estava tocando o cerne de uma afeição pessoal de uma pessoa. Mas não é minha intenção ferir ninguém, apenas conduzir nossa mente a uma boa reflexão. São os tempos pós-modernos. O lema é: respeite as escolhas, nunca fale contra elas, mesmo sendo erradas, aplauda-as, apoie o mau-comportamento, seja amistoso, ganhe a pessoa com afagos no ego, não toque suas feridas expostas, fique "cada um na sua, que a amizade continua". Nesse contexto, não existem mais "profetas" para denunciar os pecados modernos, que são de fato antigos, mas que apenas ressurgem com novas roupagens e disfarces. O centro do grande conflito espiritual é o coração do homem, e para aliená-lo de Deus, o diabo cria toda sorte de distrações e ídolos.

VIII.


Mas arrisco a questionar de novo: depois do desgaste emocional, do gasto financeiro, das transgressões realizadas o que de fato restou? Uma frustração? Uma culpa? Não teríamos como fruto depois de tudo apenas uma consciência afetada? Se por acaso este tem sido o resultado, é apenas um sinal de que de fato tomamos um rumo errado. É tempo de arrependimento, de conversão e de recomeço. É tempo de acolher o chamado de Deus para um radicalismo da fé. Tempo de reger nossas escolhas pelos princípios do Céu. Tempo de andar pela Terra mas tendo os olhos no Céu.

E para terminar, roubando uma frase de não sei onde e feita por não sei quem, lembre-se: "a Copa é do Mundo, mas nós somos de Deus".

Ajamos, pois,  de conformidade com esta máxima cristã.

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