A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reduziu nesta quinta-feira (4) a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil de 3,2%, feita em março deste ano, para 2%.
A estimativa da entidade está abaixo da previsão de crescimento da economia feita pelo mercado financeiro na semana passada (2,4%) e também pelo Banco Central (2,7%) para 2013. Em 2012, o PIB brasileiro cresceu 0,9%. Para a CNI, a economia brasileira encontra dificuldades para superar o baixo crescimento.
Sobre o crescimento do PIB industrial, a CNI baixou sua expectativa de expansão, para este ano, de 2,6% para 1%. Em 2012, o Produto Interno Bruto da indústria registrou retração de 0,8% e, em 2011, teve alta de 1,6%.
"Os últimos dados, principalmente de maio da produção industrial, não sedimentam uma visão mais otimista para o setor industrrial. Eles não confirmam uma tendência de recuperação. É uma tendência bem mais moderada do que se imaginava. O consumo também não tem reagido favoravelmente e o ciclo de alta dos juros vai impactar expectativas, a predisposição para investimentos, e os custos de financiamento", avaliou o chefe da Unidade de Política Econômica da CNI, Flavio Castelo Branco.
Medidas 'insuficientes' do governo
Segundo o economista da CNI, as medidas adotadas pelo governo nos últimos meses para melhorar a competitividade da indústria, como a redução do IPI da linha branca e de automóveis, além da desoneração da energia elétrica e da folha de pagamentos de vários setores da economia, entre outras, ainda são "insuficientes" para reverter o quadro de "dificuldade competitiva" da indústria.
"Todas as medidas são adequadas em termos do diagnóstico, mas precisam de mais intensidade ou celeridade. O dólar [mais alto] vai ajudar, mas no curto prazo ele gera dificuldade adicional por conta das pressões inflacionárias", declarou Castelo Branco, acrescentando que o impacto de um dólar mais valorizado, nas vendas externas, tende a ocorrer dentro de seis meses.
Consumo e investimentos
Para a taxa de investimentos, porém, a CNI passou a prever uma alta maior neste ano. Em março, a CNI estimava um crescimento de 4% da formação bruta de capital fixo em 2013, valor que subiu para 5,1% de expansão agora em julho.
Mesmo com um crescimento maior previsto para os investimentos, a entidade avaliou que a alta ainda é "modesta" e "insuficiente" para elevar a atual taxa para um patamar além de 20% do PIB. "A fraca resposta dos investimentos se deve às dificuldades de competitividade da economia brasileira", destacou.
No caso do consumo das famílias, entretanto, a expectativa de crescimento da CNI, para este ano, recuou de 3,5% para 2,3%. "O menor crescimento dos rendimentos, em um cenário de maior endividamento das famílias, inibe o aumento do consumo", avaliou a entidade.
Desemprego
Para a taxa de desemprego, a estimativa da CNI, para a média de 2012, caiu de 5,4% para 5,3%. Apesar disso, a entidade informa que há "perda de dinamismo" no mercado de trabalho, o que interrompe, ainda de acordo com a CNI, um período de dois anos consecutivos de crescimento do emprego em um cenário de "fraca atividade econômica". Mesmo com a perda de dinamismo, a CNI acrescenta que o patamar do desemprego continua historicamente baixo por conta do menor crescimento populacional e da retenção da mão de obra pelas empresas.
Inflação, juros e câmbio
A CNI avaliou ainda que a inflação deve acelerar neste ano. A previsão da entidade é que o IPCA, utilizado como referência no sistema de metas de inflação do governo, fique em 6% neste ano - acima dos 5,8% registrados 2012.
A meta central do governo é de 4,5% para 2013, 2014 e 2015 com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, a CNI prevê inflação acima da meta central neste ano, mas dentro do intervalo de tolerância existente.
Para a taxa básica de juros, a entidade também prevê, assim como o mercado financeiro, crescimento nos próximos meses, justamente para controlar as pressões inflacionárias. Atualmente, os juros básicos estão em 8% ao ano. A previsão da entidade é de que terminem 2013 em 9,5% ao ano.
Sobre a taxa de câmbio, a CNI passou a estimar um valor de R$ 2,18 para dezembro deste ano, contra a estimativa anterior, feita em março deste ano, de um câmbio médio de R$ 2 no último mês deste ano.
Balança comercial, contas externas e contas públicas
Para a balança comercial brasileira, a entidade prevê deterioração do seu saldo positivo em 2013. Para este ano, a previsão é de um superávit (exportações menos importações) recuou de US$ 11,3 bilhões para US$ 9,2 bilhões – abaixo dos US$ 19,4 bilhões de saldo positivo registrados em 2012.
Para as contas externas, a CNI prevê um rombo na conta de transações correntes em 2013, que deverá avançar para US$ 74,3 bilhões, informou a entidade. No ano passado, o déficit das contas externas somou US$ 68,1 bilhões.
Sobre as contas públicas, a estimativa da entidade é de um superávit primário (economia feita para pagar juros da dívida pública e tentar manter sua trajetória de queda) some 1,5% do PIB em 2013 - abaixo, portanto, da meta "ajustada" do setor público, que é de 2,3% do PIB anunciada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.