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Giorgio Napolitano responde a Schäuble e garante que Itália não “é um caso contagioso”

A troca de palavras entre o Presidente da República de Itália e políticos alemães continua depois de o ministro das Finanças da Alemanha ter afirmado que Itália “é um caso grave, contagioso para a Europa”. O ainda primeiro-ministro Mario Monti esteve esta manhã reunido Herman Van Rompuy e Durão Barroso.

Ana Luísa Marques anamarques@negocios.pt 28 de Fevereiro de 2013 às 14:25

Wolfgang Schäuble comentou hoje pela primeira vez a situação política em Itália pós-eleições legislativas, afirmando que esta “aumenta o risco de instabilidade nos mercados”.  

 

Recorde-se que a aliança liderada pelo Partido Democrata de Pier Luigi Bersani alcançou uma maioria na câmara baixa do parlamento (onde a força mais votada obtém automaticamente 55% dos lugares), mas falhou a maioria no Senado, onde nem uma coligação com Mario Monti lhe permite obter a fasquia de maioria absoluta, de 158 lugares. Bersani já assumiu, ainda assim, que vai tentar formar governo mas, tanto a aliança de centro-direita, liderada por Silvio Berluconi, como o terceiro partido mais votado – o Movimento 5 Estrelas do antigo comediante Beppe Grillo – recusaram já a criação de uma grande coligação. Perante esta situação não está totalmente excluída a possibilidade do país ter que voltar a realizar eleições legislativas.

 

O ministro das Finanças da Alemanha comparou a situação italiana com a grega e afirmou que “Itália é um caso grave, contagioso para Europa”. Para Berlim, escreve o “El País”, “Itália pode ressuscitar os piores fantasmas da complicadíssima crise do euro”.

 

As palavras de Wolfgang Schäuble foram mal recebidas do lado italiano, tendo sido já comentadas pelo Presidente da República de Itália. “”Itália não é um caso contagioso para ninguém”, disse Giorgio Napolitano, que se encontra em Berlim em visita oficial.

 

Napolitano tentou acalmar as preocupações dos parceiros europeus face à situação política, dizendo que não há pressa em formar um novo governo. “Este processo [de formação do novo executivo] não pode ser acelerado. Mas importa dizer que Itália não está sem governo. Há um governo em funções até que o próximo seja nomeado”, explicou o Presidente da República, citado pela Reuters.

 

O ainda chefe do Governo italiano, Mario Monti, esteve esta manhã em Bruxelas onde se reuniu com Durão Barroso e Herman Van Rompuy para preparar o Conselho Europeu de 14 e 15 de Março (neste encontro Itália será ainda ainda representada por Monti). No final do encontro, o presidente do Conselho Europeu emitiu um comunicado onde expressou a sua “total confiança de que Itália vai continuar a ser um membro estável e forte dentro da União Europeia e da Zona Euro”.

 

“As reformas estruturais já implementadas em Itália ajudaram a recuperar a confiança dos mercados e a sua credibilidade internacional. Se este caminho for mantido irá aumentar, significativamente, o potencial de crescimento do país.    

 
Napolitano cancela jantar com Peer Steinbrück

No rescaldo dos resultados eleitorais em Itália, Peer Steinbrück, antigo ministro das Finanças e candidato do Partido Social-Democrata (SPD), rival da CDU de Angela Merkel nas eleições gerais alemãs de Setembro, disse-se "chocado com a vitória de dois palhaços", referindo-se a Beppe Grillo e Silvio Berlusconi, tendo ainda classificado este último como um “palhaço com uma pitada de testosterona”. “Na minha opinião, foram dois populistas que venceram”, acrescentou.

 

Em reacção, o presidente italiano, Giorgio Napolitano, que está em visita à Alemanha, cancelou o jantar programado para a noite de quarta-feira, em Berlim, com Steinbrück.

 

Sílvio Berlusconi é muito impopular na Alemanha e alvo frequente de crítica nos meios de comunicação alemães. Mas, nota a Reuters, os políticos alemães são em norma reservados quando se trata de assuntos internos dos seus parceiros europeus.

 

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