17/12/2012 17h01 - Atualizado em 17/12/2012 19h05

Dólar fecha em alta apesar de alta anúncio do BC sobre série de leilões

Escassez de dólares no mercado deve manter moeda a R$ 2,10 na semana.
Dólar fechou em alta de 0,56%, a R$ 2, 0965, e no ano subiu 12,2%.

Do G1, com informações da Reuters

O dólar fechou em alta em relação ao real nesta segunda-feira (17), foi a terceira alta seguida e levou a moeda de volta ao patamar de R$ 2,09. A valorização ocorreu mesmo após o Banco Central ter anunciado que fará mais três leilões de dólares, mas ainda insuficientes para prover toda a necessidade de liquidez do mercado neste momento, segundo operadores.

O mercado também foi pressionado por saídas de dólares típicas de fim de ano, além de aversão ao risco no exterior alimentada por preocupações sobre o "abismo fiscal" dos Estados Unidos.

Operadores esperam que, com a escassez de dólares no mercado, a moeda norte-americana ronde o patamar de R$ 2,10 durante a semana, possivelmente forçando o Banco Central a intervir. A expectativa é de que a autoridade monetária faça leilões de swap cambial tradicional, além de mais leilões de venda de dólares à vista com compromisso de recompra, para defender o que o mercado acredita ser um teto informal de R$ 2,10 para o dólar.

O dólar fechou em alta de 0,56%, a R$ 2, 0965, maior nível desde o dia 5 dezembro deste ano, quando fechou a R$ 2,0970 na venda.

No mês, a moeda acumula queda de 1,61%. No ano, a alta é de 12,2%.

Durante o dia, a moeda oscilou entre R$ 2,0840, logo no início do pregão, e R$ 2,0965. Segundo dados da BM&F, o volume negociado ficou em torno de R$ 2,103 bilhões.

"Acredito que há falta de dólares no mercado, há uma pressão interna sobre a moeda", disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo, referindo-se à maior necessidade de moeda no final de ano, entre outros, de multinacionais que precisam enviar recursos a suas matrizes no exterior.

Leilões
Durante a tarde, o BC anunciou que fará, na terça-feira, três leilões de venda de dólares conjugada com compra, depois de ter realizado duas operações dessa natureza pela manhã. O anúncio não mexeu na cotação da moeda norte-americana, que continuou com alta de cerca de 0,50%.

Com o objetivo de prover liquidez, a autoridade monetária tem realizado leilões de venda de dólares com compromisso de recompra. Os leilões programados para a terça-feira têm recompra para os dias 22 de janeiro de 2013 (leilão "A"); dia 19 fevereiro de 2013 (leilão "B"); e 20 de março de 2013 (leilão "C"). Trata-se da quarta vez que fará leilões desse tipo este ano.

Apesar de toda a atuação, operadores não descartam que a moeda atinja o patamar de R$ 2,10, o que deve fazer o BC voltar a intervir no mercado. Dados do BC mostram que o fluxo cambial --entrada e saída de moeda estrangeira no país-- iniciou o mês de dezembro negativo, com déficit de US$ 1,350 bilhão até o dia 7.

Segundo operadores, essas operações --também chamadas de leilões de linha-- têm efeito limitado sobre a cotação pois há a recompra conjugada. Por isso acreditam que, se o BC quiser defender um patamar específico, deverá fazer leilões de swap cambial tradicional, equivalentes a venda de dólares no mercado futuro.

"O objetivo não é mexer com a taxa, é apenas para cobrir o capital de giro que os bancos precisam agora, mas evita que eles comprem mais dólares no mercado", afirmou Galhardo. Por isso, operadores acreditam que, se a moeda norte-americana continuar pressionada e BC quiser defender um patamar específico, deverá fazer leilões de swap cambial tradicional --equivalentes a venda de dólares no mercado futuro.

Também não descartam totalmente que o BC possa fazer leilões de venda de dólares no mercado à vista. A avaliação tem sido que o BC voltou a defender o teto informal de R$ 2,10, já que intensificou a sua atuação desde o início do mês e vê que uma alta excessiva da moeda pode ser prejudicial para a inflação.

"O mercado deve rondar esses R$ 2,10 e esse é um nível em que o mercado pode ficar apreensivo, esperando intervenção via swap", afirmou o operador, lembrando que o BC fez pesquisa de demanda tanto por leilões de linha como por swaps no último dia 7.

Abismo fiscal
No exterior, o dólar também seguia levemente pressionado ante algumas divisas devido a preocupações de que os Estados Unidos podem não chegar a um acordo até o final do ano para evitar cortes de gastos e aumentos de impostos que podem enxugar cerca de US$ 600 bilhões da maior economia do mundo, o chamado "abismo fiscal".

"O mercado está pressionado por causa das saídas dessa semana. Essa é a ultima semana cheia do ano, então devemos ver um fluxo negativo considerável", afirmou um operador de um grande banco nacional em condição de anonimato.

No fim do ano, costuma ocorrer uma maior saída de dólares do país devido ao envio de remessas e dividendos de filiais brasileiras para suas matrizes no exterior. Dados do BC mostram que o fluxo cambial -- entrada e saída de moeda estrangeira no país -- iniciou o mês de dezembro negativo, com déficit de US$ 1,350 bilhão até o dia 7.

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